Podes e deves guardar uma boa memória daqueles que amas e que já morreram. Preserva o que foi bom, guarda as recordações mais gratas, conta os melhores momentos.

E, precisamente porque os amas, não deixes de rezar pela sua alma. A caridade agora não está só nos elogios: podes ajudar a encurtar o seu tempo de purificação no purgatório, se ainda o necessitam para gozar de Deus. Sem dar por adquirido que já estão no Céu.

Reza pelos que morreram, oferece a Missa por essa intenção, pede orações. São preces que voltam a ti com o agradecimento daqueles que ajudaste a chegar ao Céu. E não há viagem pela qual valha a pena rezar tanto.

Tens? Talvez pareça que não precisas. Em segundos, o ecrã dá-te uma ideia tão bem cozinhada e defendida, que passas por especialista no assunto.

Não defendes propriamente o que pensas, defendes o que é mais fácil de decorar, a frase que mais impacta. Repetes as ideias de outros sem perceber se fazem sentido. E como não tens tempo para pensar, nem consegues perceber por que não fazem sentido.

Pensa, dá voltas aos temas, estuda, pergunta, forma a tua opinião. O apelo pela verdade tem de ser mais forte que a preguiça, ou que o simples gosto pela vitória.

Pensa nos transportes, num passeio, ao adormecer, no banho. Ou reserva hoje algum tempo para pensar nesse tema. Só. Uma hora não é muito.

Contribuis para uma indústria que explora as pessoas.

Normalizas a violência sexual.

Vicias o teu olhar sobre os outros.

Perdes capacidades para construir amizades.

Acreditas numa narrativa falsa.

Desprezas um dom que Deus te deu.

Fechas-te ao amor.

Afastas-te da realidade.

Perdes a auto-estima.

Ficas triste.

Podes não ver. Pede ajuda.

Não és famoso. Mas tens uma vida social consoladora. Gostam de estar contigo, procuram-te para conversar e contar coisas pessoais, convidam-te porque fazes o ambiente, a tua opinião conta, és sensato, tens talento, simpatia, graça... Que bom!

E tentas parecer desprendido dessa imagem, mas contas muito com essa segurança, descansas na ideia que os outros têm de ti. Quando és chamado a ficar bem, estás sempre disponível.

Só que em casa és bem mais frio. E por dentro mais hipócrita. Achas-te superior àqueles que ajudas. Com Deus estás pouco porque não te elogia e te pode tirar o palco. És capaz de fugir ao teu dever para ouvir mais um agradecimento.

Estás num lugar privilegiado para mostrar Jesus aos outros. É pena que acabe tudo em ti.

És bem tranquilo. Às vezes por virtude, outras porque evitas a todo o custo qualquer tipo de confronto. Mesmo quando devias fazer valer os teus direitos, mesmo quando tinhas obrigação de corrigir, mesmo quando o bem do outro exigia firmeza na tua posição.

Cedes sempre e em tudo para não teres ninguém contra ti. E isso não é caridade, nem humildade. É comodismo.

De início vais corar um bocadinho. Mas tens de ser capaz de dar opinião, de escolher, de exigir, de assumir livremente a tua personalidade.

Ou serás o frouxo que perde sempre. Primeiro em coisas sem importância. Para se perder, depois, a si próprio.

Procuras um sítio que te ajude a crescer na fé e na vida cristã. Aquele onde começaste deixou de te interessar e experimentaste outro. Também não te identificavas e foste para um terceiro. Quando mudaste para o quarto, voltaste a ir de vez em quando ao segundo e ao primeiro. Agora, no quinto, vais a vários. Sempre à procura do que te agrada.

Permanecer pede compromisso. E parece que todos tinham de mudar alguma coisa para encaixares bem ali.

Já pensaste mudar tu?

Há sempre uma preocupação que não te sai da cabeça. Já foi a das notas, já foi começar a namorar, já foi uma compra, já foi a forma física. Terás outras: casar depressa, ser promovido, juntar tanto dinheiro...

Seja qual for, a tua principal preocupação está a tirar o lugar a coisas importantes. Não és um bom amigo, não tens iniciativa, não tens tempo para te formar, não rezas, não ajudas em lado nenhum, não te deixas acompanhar... Porque não podes, estás preocupado com outra coisa. A coisa muda, tu é que não.

Quando algo ocupa o espaço todo, acaba por ser vaidade. Se deres a Deus o primeiro lugar, darás a cada coisa o seu valor relativo. E descobrirás que a tua principal preocupação... eras tu.

À tua volta, encontras pessoas que parecem fechadas a Deus. Algumas por odiá-Lo, outras porque preferem não tocar no tema, outras ainda por não terem a mais mínima ideia do que estás a dizer.

Respeitando a liberdade de todos, nenhuma pode ficar fora do teu coração, como não fica do coração de Deus.

Com a Sua ajuda, e com alguma criatividade, procura um ponto comum de diálogo. Existe sempre. Assim podes ser testemunho de uma alma conquistada por Cristo, mais eloquente que as palavras.

Ninguém é indiferente à verdade.

Não tens nada, não sabes nada, não podes nada. Tens jeito para qualquer coisa e ficas logo vaidoso, como se saber mais disso fosse ser bom. Desistes da dignidade para competir. Tentas esconder as tuas fraquezas mas são patentes ao mundo inteiro. Não te dominas, não te entendes.

E, contudo, vales muito mais do que anseias valer. Infinitamente mais do que as pobres aspirações da tua pobreza.

Foste criado por amor e para amar. Resgatado da tua miséria por um Deus que encarnou e morreu no teu lugar. És chamado a uma vida divina.

Serás capaz do maior e do mais belo, se estenderes a mão como um filho. Fraco, humilde, necessitado... grande!

Como és uma pessoa moderna e sofisticada, tens hábitos para tudo. Hábitos de trabalho, de sono, de desporto, de alimentação, de poupança, de leitura, de saúde, de beleza...

Só não tens hábitos de oração. Entre os outros, talvez sobre um tempinho para dedicares a Deus. Até concedes uma falta na rotina se estiveres mesmo a precisar de rezar.

Mas é o hábito que te faz mais falta! Cuidar a relação com Deus devia importar-te mais que tudo o resto.

Para facilitar, dizes que fazes oração durante todas as outras rotinas. Mas já viste que não chega. E que, querendo, tens tempo para tudo. Guarda algum para Deus.

É a pergunta mais urgente que tens para responder.

Estás cheio de coisas para fazer, tens imensos sonhos e planos, mas sabes que a tua vida pode terminar antes de acabares esta frase. Quem queres ser nesse momento? O que é que conta? Quanto vale aquilo que te move? O que queres reparar?

Foste feito para viver em Deus e tens este tempo para aceitar ou recusar esse convite. Não tenhas medo, Jesus quer receber-te. Mas não confies num tempo que não sabes se virá. Vive-se melhor com os olhos na eternidade.

E se depois de partires precisares de ajuda, conta com as orações dos que ficam. Como os que já foram contam hoje com as tuas.

Os que aproveitaram melhor a vida, os que desfrutaram mais, os que tiveram mais paz, os que viveram com mais sentido, os que mais amaram, os que mais viveram de amor, os mais alegres, os mais audazes, os mais realistas, os mais felizes foram os santos.

No dia em que os celebramos, renova o teu propósito de o ser. E que esse desejo de santidade seja um ponto de luz na pequena parte do mundo que está nas tuas mãos.

O trabalho não deixa, o apostolado não deixa, as atividades não deixam... nada te deixa rezar, não há tempo. Fazes coisas demasiado boas para as trocar pela oração.

E assim, o trabalho vai perdendo o sentido sobrenatural, fica mais difícil suportar alguns, tens pouco para dizer, avalias as atividades com critérios humanos, vives de reservas espirituais.

Mas tudo aquilo que tens posto à frente da oração ganharia se rezasses. Porque o protagonista, em vez de ti, seria Deus.

Tens dias. Às vezes, fazes uma birra para evitar o que te custa, atrasas, finges que esqueces, fazes-te vítima.

Outras vezes, para o mesmo sacrifício, o coração enche-se de boa vontade e lanças-te com gosto, mesmo que te custe.

Do primeiro, o fruto é a amargura. Do segundo, uma alegria serena que é o resultado da entrega.

Sabendo por experiência que preferes a alegria, não  escolhas a vida fácil.

Eu sei que não é por mal, mas tu não reparas nos outros. Não ligas, nem te lembras. E chocas constantemente.

Podes trabalhar isso! Perceber que a brincadeira já está a incomodar e parar. Perceber que alguém quer falar e calares-te. Perceber que estás a ser chato e largar. Perceber que se faz sempre o que queres e ceder. Perceber que o problema é teu e não sobrecarregar. Perceber que alguém está só e acompanhar. Perceber que te esperam e cumprir.

Dá importância aos outros. Ou acabarás sozinho na pista dos carrinhos de choque.

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