À tua volta, encontras pessoas que parecem fechadas a Deus. Algumas por odiá-Lo, outras porque preferem não tocar no tema, outras ainda por não terem a mais mínima ideia do que estás a dizer.

Respeitando a liberdade de todos, nenhuma pode ficar fora do teu coração, como não fica do coração de Deus.

Com a Sua ajuda, e com alguma criatividade, procura um ponto comum de diálogo. Existe sempre. Assim podes ser testemunho de uma alma conquistada por Cristo, mais eloquente que as palavras.

Ninguém é indiferente à verdade.

Não tens nada, não sabes nada, não podes nada. Tens jeito para qualquer coisa e ficas logo vaidoso, como se saber mais disso fosse ser bom. Desistes da dignidade para competir. Tentas esconder as tuas fraquezas mas são patentes ao mundo inteiro. Não te dominas, não te entendes.

E, contudo, vales muito mais do que anseias valer. Infinitamente mais do que as pobres aspirações da tua pobreza.

Foste criado por amor e para amar. Resgatado da tua miséria por um Deus que encarnou e morreu no teu lugar. És chamado a uma vida divina.

Serás capaz do maior e do mais belo, se estenderes a mão como um filho. Fraco, humilde, necessitado... grande!

Como és uma pessoa moderna e sofisticada, tens hábitos para tudo. Hábitos de trabalho, de sono, de desporto, de alimentação, de poupança, de leitura, de saúde, de beleza...

Só não tens hábitos de oração. Entre os outros, talvez sobre um tempinho para dedicares a Deus. Até concedes uma falta na rotina se estiveres mesmo a precisar de rezar.

Mas é o hábito que te faz mais falta! Cuidar a relação com Deus devia importar-te mais que tudo o resto.

Para facilitar, dizes que fazes oração durante todas as outras rotinas. Mas já viste que não chega. E que, querendo, tens tempo para tudo. Guarda algum para Deus.

É a pergunta mais urgente que tens para responder.

Estás cheio de coisas para fazer, tens imensos sonhos e planos, mas sabes que a tua vida pode terminar antes de acabares esta frase. Quem queres ser nesse momento? O que é que conta? Quanto vale aquilo que te move? O que queres reparar?

Foste feito para viver em Deus e tens este tempo para aceitar ou recusar esse convite. Não tenhas medo, Jesus quer receber-te. Mas não confies num tempo que não sabes se virá. Vive-se melhor com os olhos na eternidade.

E se depois de partires precisares de ajuda, conta com as orações dos que ficam. Como os que já foram contam hoje com as tuas.

Os que aproveitaram melhor a vida, os que desfrutaram mais, os que tiveram mais paz, os que viveram com mais sentido, os que mais amaram, os que mais viveram de amor, os mais alegres, os mais audazes, os mais realistas, os mais felizes foram os santos.

No dia em que os celebramos, renova o teu propósito de o ser. E que esse desejo de santidade seja um ponto de luz na pequena parte do mundo que está nas tuas mãos.

O trabalho não deixa, o apostolado não deixa, as atividades não deixam... nada te deixa rezar, não há tempo. Fazes coisas demasiado boas para as trocar pela oração.

E assim, o trabalho vai perdendo o sentido sobrenatural, fica mais difícil suportar alguns, tens pouco para dizer, avalias as atividades com critérios humanos, vives de reservas espirituais.

Mas tudo aquilo que tens posto à frente da oração ganharia se rezasses. Porque o protagonista, em vez de ti, seria Deus.

Tens dias. Às vezes, fazes uma birra para evitar o que te custa, atrasas, finges que esqueces, fazes-te vítima.

Outras vezes, para o mesmo sacrifício, o coração enche-se de boa vontade e lanças-te com gosto, mesmo que te custe.

Do primeiro, o fruto é a amargura. Do segundo, uma alegria serena que é o resultado da entrega.

Sabendo por experiência que preferes a alegria, não  escolhas a vida fácil.

Eu sei que não é por mal, mas tu não reparas nos outros. Não ligas, nem te lembras. E chocas constantemente.

Podes trabalhar isso! Perceber que a brincadeira já está a incomodar e parar. Perceber que alguém quer falar e calares-te. Perceber que estás a ser chato e largar. Perceber que se faz sempre o que queres e ceder. Perceber que o problema é teu e não sobrecarregar. Perceber que alguém está só e acompanhar. Perceber que te esperam e cumprir.

Dá importância aos outros. Ou acabarás sozinho na pista dos carrinhos de choque.

Não foste sempre exemplar e houve alturas em que te gabavas, orgulhosamente, das asneiras que fazias.

Já não é assim. Estás agradecido por ter conhecido Jesus e recebido a graça da conversão.

Mas não perdes oportunidade de voltar a referir que tiveste as tuas loucuras. Claro que é para acrescentar que preferes Cristo, mas não deixas de o dizer com uma certa vaidade, medindo o efeito das tuas palavras nos outros. Como se o pecado fosse alguma vez motivo de orgulho.

Às vezes, a tua história pode edificar. Se a contas para que te admirem, deixa-te estar caladinho.

Já sabes distinguir o bom cansaço do mau. O do bom combate, de que recuperas descansando, do cansaço que te leva ao desalento, à tristeza.

É que às vezes partes sozinho para a batalha, queres levar o mundo às costas, enches-te de orgulho e não te apoias em ninguém. Que te renda, que te proteja, que te ouça, que te obrigue a parar.

Outras vezes, é Jesus que não levas contigo. O objectivo é pessoal, a força é tua, a estratégia é humana.

Uma ovelha isolada é quase sempre uma ovelha perdida. Pede a Deus mais humildade, abre a tua alma, procura companhia.

Pensas bem nos assuntos. Mas pensas muito. Encontras sempre mais um ponto de vista, uma variável, uma ponta solta... Não decides.

É interessante ouvir-te. São temas a que já deste muitas voltas, mesmo os triviais. Mas não tens tempo para os explicar e ficamos sem perceber grande coisa.

E ainda és teimoso! Tens menos interesse em dialogar do que em convencer. Pensaste tanto que alguém tem de ouvir!

Não tem só a ver com a profundidade, que vale a pena conquistar. Também é insegurança, perfeccionismo, vaidade...

Estamos à espera que decidas. E que o expliques de um modo prático. E que se entenda. E que se faça.

Pensas na vocação a medo, começando sempre pelo negativo. Talvez não sejas capaz, talvez não seja o caminho, talvez te falte o que tens de entregar, talvez doa a saudade. Como quem se imola triste, como quem sofre a vocação, como quem carrega um destino traçado pelo céu.

Mas se é o maior dom que Deus te dá!

Chama-te a uma imensa alegria, a desfrutar da liberdade, a viver por amor sem precisares de mais nada.

Jesus dá sempre mais do que pede. Não perdes nada.

Há muitas expressões correntes que nascem de uma oração, sinal de uma cultura que teve Deus presente, que confiou na providência, que rezou espontaneamente, com simplicidade.

Talvez não estejam no teu modo de falar habitual. Mas, se estão, espero que não as evites por vergonha.

Ainda são, graças a Deus, um bom modo de elevares mais vezes o coração ao céu. Se Deus quiser, também provocarão em outros a curiosidade pela tua fé.

Não, valha-me Deus! Não é falar como há 50 anos! E que belo seria um "adeus" confiando ao Senhor aqueles que despedes. Ou um "Ai Jesus" que fosse um pedido sincero.

És de crítica fácil. Não percebes como é possível que os outros sejam como são, façam o que fazem, digam o que dizem. Assumes sem qualquer dúvida que, na pele deles, conseguirias fazer bem.

Ou simplesmente fazer, porque o que mais te indigna é quando ninguém faz nada.

E reclamas! Lamentas o estado da juventude, dos passeios, dos costumes, da politica, da entrada do prédio, dos padres, do tempo, dos preços...

Suponho que estejas disponível para passar à ação! Que podes dar o teu tempo, o teu conhecimento, o teu talento, num projecto teu ou juntando-te a outros. Não te queixes, contribui.

*

Talvez a @fundacaojornada te possa ajudar.

Portas-te bem. Deus concedeu-te uma certa facilidade para cumprires a Sua vontade, normalmente encontras gosto na virtude.

Mas, de repente, estás farto! Farto de ser bom e de receber pauladas em troca, farto de ser honesto e de que te passem à frente, farto de ser exemplo e de ser posto de lado, farto de fazer o bem e de tanta coisa continuar a correr mal.

Querias já a recompensa? Por que és bom afinal?

Por vezes, Deus trata com dureza os que ama. É porque confia em ti, porque te quer dar um céu grande e porque conta contigo para levares outros. Não se trata de ser certinho: trata-se de lutar. Por amor não cansa.

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