Querias falar de Jesus. Pensaste em algo apelativo, sofisticado e mobilizador.

Mas apareceram poucos: o imigrante que não tem amigos, a rapariga que está deprimida, o rapaz que tem uma deficiência, aquele outro maçador que não encaixa em nenhum ambiente, a mulher impopular de que todos fogem...

Sentiste-te desiludido. Sonhavas uma Igreja só para os outros.

Começa o Advento. Para quem vem Jesus? Em quem O vais acolher?

Não é só para padres, freiras e religiosos. É para cristãos! Ser casto não é abster-se de relações sexuais sem mais, mas viver a sexualidade de forma íntegra e autêntica. É olhar para as pessoas e não ver apenas corpos; é querer amá-las, não possuí-las.

Para os celibatários, isso significa abster-se de relações sexuais; entregar-se inteiramente a Deus e aos outros. Para os casados, isso supõe uma total abertura à vida; ou um celibato temporário, por ocasião de uma gravidez complicada, doença ou viagem, por exemplo. Para os restantes: a castidade é guardar-se em favor daquele/a que virá. Em todos os casos, a virtude implica renúncia ao mero apetite; é doação, entrega, missão.

Ser casto é amar, com o corpo.

Diante do sacrário, estou a sós com O amigo, por excelência. Mas… não sinto essa intimidade! Se for para desabafar ou pedir conselho, prefiro falar com alguém: um familiar, um amigo, até mesmo com um sacerdote.

Sabes porque não tens essa intimidade? Porque a vossa relação, a depender de ti, não existia. Deste tudo por garantido. Nunca te sentiste verdadeiramente impotente. Nem experimentaste pôr Deus em primeiro lugar e viver abandonado a uma única vontade.

Mesmo agora, és tu à força que queres progredir na vida interior. Desce do pedestal e faz um propósito: daqui em diante, não darás um único passo sem Deus. Nem que tenhas de dizer-Lhe - “Não Te ouço!”.

Foi há quatro anos que começámos a publicar aqui todos os dias. Tem sido bom. É sempre bom falar de Deus!

Melhor ainda é a esperança de outras coisas boas que acontecem sem nós sabermos, e de que vamos tendo uma ou outra notícia.

Hoje pedimos-te que rezes por este projeto, por quem o escreve e por quem o lê. Queima-te.

Na vida espiritual, as coisas nem sempre acontecem como nas disciplinas científicas, em que nós vemos e agimos em conformidade. Muitas vezes, a luz para ver é simultânea à força para querer. Porque o nosso eu está metido ao barulho até mais não! Tem hábitos e inclinações, que custam despedir e, por isso, ofuscam a vista.

Isto dá que, para discernir a vontade de Deus, é preciso trabalhar antes de mais a disposição para acolhê-la. Fazer-se pequeno, minúsculo, ínfimo. Abrir mão das nossas seguranças. Pedir tudo. Confiar. Numa frase, repetir em confidência: “o que Tu quiseres, quando Tu quiseres, como Tu quiseres”. E então soará claramente o apelo divino.

Sentes-te assim? Senão, tens de crescer em humildade.

Decidiste não fazer o mal. Não vais fugir com a secretária: és gente séria! Nem perder a cabeça - a reputação e o dinheiro - com a bebida, o jogo, ou outros vícios: és equilibrado!

Mas, à noite, quando ninguém vê, devoras um maço de cigarros, ou uma série, ou três pacotes de batatas fritas, ou mil perfis de uma rede social…

Ou és mais reservado ainda, tudo se passa na tua cabeça: os elogios, as críticas, o que gostavas de experimentar mas não te atreves… Manténs-te à distância, cortejando a tentação.

A bem dizer, já cedeste a ela! Com Deus, ou te entregas todo, ou não vale a pena entregares-te. Porque a meias não é entrega, é “pudor”. Decidiste não fazer o mal; faltou escolher fazer o bem.

Onde está o teu trono? Os teus súbditos? O teu domínio?

–No frio de Belém, na dor da cruz, na solidão do sacrário. À espera do exército dos pobres, dos loucos, dos doentes, dos abandonados. De ti, quando me entregares o teu pequeno reino, esse coração, que é meu. Para construir, também aí, um reino de amor, de esperança e de liberdade. Dás-mo?

Recebeste uma notícia preocupante, chocante mesmo, ou comovente. Mas ficaste preocupado com a gestão do mexerico: a quem vais contar? Porque não soubeste antes? Quem soube? Que pena não seres tu a espalhar o segredo!

E aquele primeiro choque, que faria um católico rezar, oferecer ajuda e ser discreto, transformou-se em desinteresse e esquecimento. Já não tens novidades para ninguém.

É incrível como transformamos uma oportunidade de servir num desejo vulgar de brilhar. Volta para o teu lugar.

Sou pequenino, preciso que me dês a mão. Mesmo assim, às vezes, largo-a e lanço-me confiante nos meus passos trôpegos. E mais um trambolhão.

Pega-me de novo, desta vez ao colo. Já sabes que sozinho só sei tropeçar. Aí quererei falar continuamente, pedir-Te pelas minhas coisas.

Serena-me. Ensina-me a escutar a Tua voz e a perceber, mais suave, o bater do Teu peito.

E não terei medo de nada.

A cultura que fez da luxúria a principal virtude inventou o pecado de não se ser suficientemente atraente.

Mas podes ter a figura mais esbelta e ser profundamente guloso. É que o erro está em procurar a salvação pelo corpo: a satisfação destemperada de comida e bebida; ou a paranóia do requinte que centra a vida, o tempo e o dinheiro em comer. Ou ainda a doença da forma perfeita que faz de calorias e exercícios as tuas principais conquistas.

Dá ao corpo o que ele precisa. Um pouco mais para festejar. Mas não chames virtude à vaidade, nem ao vício, nem a essa obsessão com valores nutricionais que te faz viver tão colado à terra.

Sabes lá o que a vida te reserva! E se daqui a uns anos mudas de ideias?

Agora tens é que conhecer, experimentar, construir seguranças. Estas decisões não se tomam assim de um dia para o outro. É preciso ponderação e amadurecimento.

O que é que tu sabes da vida? Ainda tens trinta anos!

...

Mas Deus dizia-lhe ao ouvido: nunca estarás preparado. Eu, que te chamo, estou.

Estás presente? Ouves o que te querem dizer? Acompanhas os assuntos que os preocupam e te confiam? És discreto com as coisas que te contam?

És capaz de os chamar a atenção quando vês algo que não está bem? A sós?

Tentas estar com eles? Tens iniciativa? Ou fomentas aquele desejo vaidoso de que sejam os outros a procurar-te?

Rezas por eles?

Mais do que vida social, precisas de amigos. E como dão trabalho!

As regras também!

É que, iluminadas por Jesus e pela relação com Ele, acabarás por ter pena de não as cumprir. Não chega ler as instruções se o autor as quer explicar. Não chega compreender se são para amar.

Por isso, persegue essa atração. Precisas tanto de doutrina como de oração. De cabeça, como de coração. Passa tempo com Jesus, falando, ouvindo, pedindo, louvando. Conhecendo-O.

E já agora, se Deus é Deus, bem que pode fazer regras. Sorte a nossa que as tenha feito tão leves de cumprir. Por amor, nada pesa.

Não é um dia igual aos outros. É o do descanso da criação, é o da Ressurreição.

É o primeiro dia da semana, o da novidade radical que trouxe Cristo. É o dia em que celebramos a Eucaristia e nos lembramos de fazer da nossa vida uma Missa.

É o dia em que todos paramos para estar uns com os outros, em família, na nossa comunidade, em comunhão de intenções. Desde sempre.

É um dia para dedicar ao descanso e à oração, à leitura da bíblia, à relação com Deus e à missão.

Não dá jeito hoje? Para falhar um mandamento, não é razão suficiente.

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