Só para recordar que o facto de estares de férias não é de todo, nunca, razão para faltares à Missa.

É que a razão para ires é de todo, e sempre, maior.

Nem percebo que o discutas. Agora que tens tempo e cabeça para estar com Cristo realmente presente no altar, inventas outras prioridades?

Guarda algum deste tempo para meditar no que acontece em cada Missa. E participa com o amor e a devoção da primeira, única e última vez.

É o que dizes quando acrescentas lixo a essas gavetas cheias de coisas que nunca vais usar. E ocupas espaço, carregas pesos, arrastas bugigangas que só recordas ao pensar que as podes deitar fora.

Assim é a tua entrega. Não queres largar tudo, ainda não confias em Deus. E com a saída fácil do "não exagerar", vais guardando umas esperanças sensuais, compras confortos caros e desnecessários, mantens o mesmo apego à tua imagem, não chegas a queimar-te por Cristo.

Guardas para ti o que pode vir a dar jeito... se Deus falhar.

Tonto! Deus não falha. E quer dar-te a uma vida nova, mas tu continuas agarrado ao chão...

A de ontem foi igual à de hoje. Podia ser a tua oração como a de outro qualquer.

É que não é pessoal. Não falas com Deus de ti, do que te preocupa, do que devias mudar. Do que te tira a paz, do que não queres largar.

Por isso te custa tanto. Às vezes ainda consegues puxar por um sentimento forte, mas também não é teu, é do grupo. E não chegas a ver os frutos da oração na tua vida.

Jesus quer ter amizade contigo. Para isso tens de ser transparente, abrir a alma, mostrar fragilidades, expor feridas, reconhecer culpa. Verás a diferença quando a conversa for sincera.

És um bom profissional. Responsável, generoso, competente. Cresceste no teu trabalho com esforço, com disciplina, com rigor. Todos sabem que lhe dás valor e que é para ti uma prioridade.

Por isso, tornou-se a desculpa perfeita.

Por teres de trabalhar, esquivas-te a muitas coisas que não te apetece fazer. E ninguém põe em causa as tuas razões profissionais. Mas tu podes pôr.

Deus, família, amizades... Há deveres que devem passar à frente do trabalho. Por muito CEO que sejas!

Jesus, não percebo por que me pedes isto e por que me pedes agora. Quero encontrar um propósito, agarrar-me a uma razão que me dê força. Encaixar a tua providência na minha lógica. E não vejo.

Aceito-o. Sei que sabes mais e que eu não sei nada. Mas podes dar-me um pouco de luz?

Admiras esse caminho, tens recebido muito dessas pessoas entregues e agradeces a Deus ter-te feito encontrar uma espiritualidade que te ajudou tanto.

E se Deus te convidar a segui-Lo nessa vocação? Sim, a ti.

Pergunta-Lhe hoje, que não recebeste nenhum sinal e sabes que não estás à altura de outros. Não precisas, não é assim que Deus escolhe. Podes pensar agora.

Sem medo. Se Deus chama, Ele arranja-Se. Ele arranja-te.

É tempo de recomeçar, de renovar forças, de ordenar ideias. E de rezar mais, voltar às obras de caridade, estar com Deus com calma.

Por isso, não percebo o teu esquecimento da vida cristã durante o verão.

Usas para tudo a desculpa da rotina: que já não estás perto da igreja, que estás com outras pessoas, que a Missa de domingo é a má hora, que já fizeste muito durante o ano... Afinal só eras cristão por rotina? Ou para mostrar aos outros?

Em vez de descansar de Deus, descansa com Deus.

Andas de um lado para o outro. Quando paras, é a cabeça que continua: sempre mudar de preocupação, ora entusiasmado, ora triste, a imaginação solta para pensares em ti próprio, e de novo para outros mil assuntos.

No meio desse caos, vais vendo Jesus. Está aí. Mas entra na tua cabeça como mais uma coisa, que esqueces rapidamente para pensar em muitas outras. Ou nenhuma.

E começas a notar que não estás verdadeiramente com Deus. Não Lhe dás tempo, não Lhe dás atenção, não Lhe dás o esforço da amizade. Nem quando rezas.

A tua vida mudará muito quando dedicares tempo à oração, diariamente, fazendo silêncio exterior e interior, deixando para depois o que não é diálogo.

Enfermeiro, médico, assistente, cuidador... cuidas do corpo, lidas com a morte, proteges na dor.

Por tanto que te agradecem, dás-te conta do peso que tens na vida de muitos. E que bem podes fazer!

Cuidar do corpo é muito. Mas é pouco quando tens cabeça, coração e alma para cuidar. Como cuidas destes se não cuidas de ti?

No meio dessa rotina agitada, volta sempre a Jesus, o cuidador. O que por ti suportou todas as dores, o que venceu a morte dando a vida. O mesmo Cristo que os outros esperam ver quando cuidas deles.

É bom estar contigo. Tens jeito para fazer as perguntas certas e mostras verdadeiro interesse.

Mas perguntas o mesmo uma e outra vez, como se fosse a primeira. É que não ouves. Já não te lembras que o perguntaste, não fazes ideia da resposta.

E aquele bom sentimento de amizade estraga-se com a dúvida do desinteresse.

Não deixes de perguntar, mas interessa-te mesmo. Ouve, detém a atenção, pensa no que te dizem, guarda no coração. A amizade é uma virtude, não é um só uma competência.

Mas é preciso ir ao limite? Ou só queres saber o que é pecado, para poder chegar o mais perto possível?

Se não gostas, não bebas. Se é para te armares em forte, deixa de ser ridículo. Se precisas de te embebedar para desfrutar, procura o que te traz uma alegria verdadeira. A do álcool é falsa.

É insensato, irresponsável e egoísta beber para perder o controlo sobre ti próprio. É insensato, irresponsável e egoísta desculpar-se com as ocasiões especiais.

Sem esse controlo podes fazer mal a ti e aos outros. Não percebo que amor é o teu quando escolhes livremente correr esse risco.

Bebe, desfruta. E quando isso prejudicar a tua capacidade de servir, para. Se vês a tontura a chegar, pede um suminho.

Recorre a São Miguel nas tentações mais difíceis. Pede a São Gabriel a fidelidade à vocação. Confia a tua juventude nas mãos de São Rafael.

Conta com o teu anjo da guarda para tudo. Fala-lhe mais vezes, pede mais ajuda e proteção. Ele está sempre atento e nem sabes de que perigos te tem guardado.

E junta-te aos anjos que louvam Jesus na Eucaristia cada vez que participas na Missa. Chama-os para honrar contigo o Senhor da criação que quer vir à tua alma.

Dá-lhes trabalho.

Estás sempre a queixar-te. Até tens razão, mas é tão difícil estar contigo...

Nunca és positivo, nunca vês o esforço dos outros. E nunca queres verdadeiramente corrigir aquilo de que te queixas. Ias queixar-te de quê?!

Quando fazes melhor, fazes com má cara. Quando fazes pior, é porque não tens condições. Quando fazes sozinho, os outros são inúteis. Quando te querem ajudar, preferes fazer sozinho.

Repetes mil vezes que não vale a pena... Mas isso é o contrário da luta cristã. Vale a pena, sim. Vale a pena.

Que te deixa a duvidar se esse cuidado todo é apenas vaidade. Que te leva a procurar quem diga que estamos a exagerar. Que até te indigna, mas deixa a pensar...

Tantos cuidados com a imagem! O que procuras? O que esperas? Elogios? Seguidores? Versos? Convites? Amor?

Na tua preocupação pelo aspeto há muito de simplicidade, de justiça, de caridade. Como pode haver de vaidade, egoísmo, sensualidade.

Pensa, pensa... O verão fica-te mesmo bem. A discrição também.

Luta por amor. Não lutes para cumprir ou para estar à altura.

Pede mais ajuda, confia mais em quem te conhece. Não faz mal que descubram as tuas fraquezas.

Não te compares com os outros. Não interessa ser o melhor.

Confia mais na oração e na graça de Deus. Não confies nas tuas forças.

Sem humildade vais dar uns trambolhões valentes. Com humildade talvez dês também, mas aprendes a levantar-te.

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