Que te deixa a duvidar se esse cuidado todo é apenas vaidade. Que te leva a procurar quem diga que estamos a exagerar. Que até te indigna, mas deixa a pensar...

Tantos cuidados com a imagem! O que procuras? O que esperas? Elogios? Seguidores? Versos? Convites? Amor?

Na tua preocupação pelo aspeto há muito de simplicidade, de justiça, de caridade. Como pode haver de vaidade, egoísmo, sensualidade.

Pensa, pensa... O verão fica-te mesmo bem. A discrição também.

Luta por amor. Não lutes para cumprir ou para estar à altura.

Pede mais ajuda, confia mais em quem te conhece. Não faz mal que descubram as tuas fraquezas.

Não te compares com os outros. Não interessa ser o melhor.

Confia mais na oração e na graça de Deus. Não confies nas tuas forças.

Sem humildade vais dar uns trambolhões valentes. Com humildade talvez dês também, mas aprendes a levantar-te.

...e que cuidas do que nos foi dado, que te preocupas com a conservação das espécies, que te choca o desperdício, que queres controlar a exploração humana dos recursos naturais, que lutas com garra pelas gerações vindouras...

Já que amas a natureza, respeita os corpos do homem e da mulher.

Não explores, não desperdices, não roubes, não estragues, não sujes, não comprometas o futuro. E não inventes.

Se amas mesmo a natureza, chegarás a Deus pelo corpo que Ele te deu.

Usas a casa. Fazes o frete das refeições com os outros, mas não estás com paciência para perguntas. Não sabes o que falta fazer e quando sabes nunca o fazes.

Não vês quem está cansado, ou doente, ou teve um mau dia. Estás ocupado com as tuas coisas. A tua família vê-te (às vezes), mas não sabe de ti.

Reaprende a servir -primeiro!- aqueles que Deus te confiou. Por dever e muito além do dever. Não tens nada mais valioso a construir que a tua própria casa.

Não digo que desates hoje aos beijos e abraços. Mas um ou outro...

Não tens um momento de silêncio. Foges.

Estás todo o dia a consumir conteúdos. Alguns interessantes, outros ridículos. Sem te dares conta, o que procuras é a quantidade.

E esse zumbido constante vai calando a voz da consciência. Porque fala mais alto, substitui qualquer coisa, tem autoridade. E sem momentos de silêncio, deixas de reconhecer Deus.

A meditação de Deus e dos seus mistérios far-te-á generoso. É disso que precisas, antes de ser interessante. Não fujas do silêncio: procura-o.

Acabaram de se conhecer, chegaste agora a esse grupo, és novo na empresa... Pode chocar e não há contexto.

Um mês depois ainda ninguém sabe da tua fé. Ainda estás a formar uma imagem. Desconfias que são ferozmente contra a Igreja.

Passou um ano e não és capaz de dizer a ninguém que és católico. Era assumir escolhas muito mal vistas. E agora seria estranho descobri-lo ao fim de tanto tempo. Pareceria que o estiveste a esconder.

É porque escondeste. Se amasses Jesus, agias simplesmente com naturalidade, sem máscaras. Se não te queimas, já não será preciso dizer que és católico: acabarás por deixar de o ser.

Só.

Mesmo o que esperas das coisas boas ou de tanta gente maravilhosa, espera por Deus. É Ele Quem as põe no teu caminho.

É a única esperança que não falha. O único que podes alcançar e continuar a desejar.

O resto engana.

Achas a vida cristã muito difícil. Até a desejas mas nunca tens forças, não tens vontade, não tens coragem. O mais simples gesto de generosidade é um esforço imenso para ti.

Mas quando tens algo a ganhar, és forte. Não falhas uma festa, nem o ginásio, nem o que te põe no centro das atenções.

Olha, confessa-te e tenta andar habitualmente confessado, na graça de Deus. Já percebeste que essas semanas todas a atrasar a confissão te deixam doente da vontade. E começas a desprezar o pecado: só mais um, só mais outro...

Não te confesses quando der jeito, mas quando precisares. Logo que precisares. Consegues, sim, ainda que te custe. É mais importante que o resto do que tens para fazer. Não sejas tão desprendido de um Deus tão misericordioso.

Que maravilha! Descobrir que o mesmo Deus que tudo criou me fez apenas por amor. Que Aquele que não precisa de nada, me pede o coração inteiro.

Descobrir que me escuta o mesmo que sabe tudo. Que me olha continuamente ainda que eu Lhe vire as costas.

Descobrir que levou a cruz no meu lugar, que deu a vida por mim. Que me deixou a Missa para eu reviver a Sua paixão.

Descobrir que o Omnipotente me espera num pedaço de pão em cada sacrário. Que o Inocente nunca se cansa de perdoar-me.

Então, ser cristão não é uma mania desinteressante de uns quantos iluminados? Não! É descobrir para que tens coração.

A fazer o mesmo que tu, com o mesmo horário e salário, que leva almoço de casa, tem rotinas semelhantes e uma garrafa de água igual.

Mas parece-te especialmente contente. Se lhe perguntas, diz que é filho de Deus. Também o vês atento a todos: diz que está ali para servir.

Não terá o mesmo chefe? Sim, mas também fala de Outro. Um que paga melhor!

Esse bom trabalhador, que luta por ser santo, podes ser tu. Tens tudo o que é preciso.

As pessoas desiludem. Ninguém é perfeito, alguma coisa hão de falhar. Mesmo aqueles por quem tinhas admiração. Mesmo tu.

Por isso, olha para as falhas dos outros como achas justo que olhem para as tuas. São lutas difíceis para ti, que tentas mudar. E tendo tantas outras virtudes, não esperas ser etiquetado pelos defeitos.

E tens tantos! Sim, às vezes irritas. Às vezes apetece não te voltar a ver. Às vezes é desesperante que não repares. Mas tentamos desculpar a ajudar-te.

Olha para os outros reconhecendo que precisas deles. Não abandones os que erram, não te irrites com os que lutam. Olha-os como te olha Jesus.

A tua oração ficou difícil.

Vais atrasando, sem vontade, usando qualquer desculpa. Enquanto rezas, olhas para o relógio e distrais-te com as notificações que não te apetece desligar. O diálogo com Deus não tem entusiasmado, não tens grandes luzes. Também sabes que não é o teu momento mais generoso.

E queres desistir, fazer uma pausa.

Não desistas, nunca deixes a oração. Nessa aparente secura podes ser criativo, como é o amor. Podes ser simples, serenamente leal, dizendo ao teu Senhor que não querias estar ali. Mas estás.

Precisas de descansar. Na tua cabeça, sonhas com aqueles dias sonolentos, molengões. Obedecer só ao estômago e à gravidade, e deixar-se levar pela televisão, pelo youtube, pelo instagram... para chegar ao fim do dia triste.

É difícil sentires-te bem quando te sentes inútil. Mais do que parar, o que descansa é mudar.

Por isso, deixa de te arrastar nos tempos de descanso. Dorme bem e aproveita o tempo, descobre atividades que te dêem gosto, mesmo que exijam algum trabalho. Faz desporto, reza mais.

Vive! Não descansa ver o tempo a passar.

A vida corre-te bem. Desde sempre, muito bem. Com saúde, com amigos, com serenidade, com grandes momentos, com paz.

Tão bem que até tens medo de Deus. Que Ele te esteja a preparar para um pedido muito difícil, como outros à tua volta: vidas duras, problemas muito pesados sem fim à vista, conflitos, doença. E à mínima contrariedade, pensas que é agora.

Agradece a Deus a boa vida que te dá e abandona-te nas Suas mãos. Diz-Lhe que aceitas tudo o que te enviar. Mas não tenhas medo.

Não tens força nem graça para lutar com o que não existe. Nem o teu amor a Deus pode depender de que a vida seja fácil. Se Lhe fores fiel, será boa. Por amor, não por medo.

A presença de Jesus na Eucaristia é real. Não é um símbolo, não é um sentimento, não é uma força. É uma pessoa, corpo e sangue. É o mesmo Cristo que viveu entre nós e por nós morreu e ressuscitou. É Deus realmente presente no mundo.

A participação na Missa, a piedade eucarística, a adoração que a fé da Igreja presta à hóstia consagrada, não são pesos para um católico. São a fonte da sua vida cristã. O centro, a força, o alimento, o consolo.

Pede a Deus que aumente a tua fé. Cai de joelhos diante de Jesus feito alimento. E traz contigo esse outro católico que passa à frente do sacrário como se não estivesse lá ninguém.

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