Bonito. E verdade, no fundo.

Mas o amor não anda no ar: tens de o personalizar. E assim, personalizado, vem carregado de sacrifício. Quem amas? E como dás esse amor? Como te cansas, como entregas o que te agrada, como aceitas os defeitos e as fragilidades, como reconheces as tuas fraquezas?

Não é tirar-lhe a poesia, é vivê-lo na realidade. É esse o amor que conta, é o único que vale. Como o amor de Cristo, por ti, na cruz.

Nem tens de ser, há mil maneiras de mostrar Deus aos outros. Não precisas de arrastar multidões, nem de ser um orador brilhante, nem de fazer espetáculos.

A tua serenidade, o teu exemplo, a tua disponibilidade, também falam de Deus. Um a um, pouco a pouco. Mas sempre com a mesma sede que tem Cristo de alcançar o mundo inteiro.

Mas se rezas, talvez tenhas mais paz e alegria. Talvez entendas melhor o que Deus te pede, talvez aprendas a descobri-Lo no teu dia.

Talvez encontres mais ânimo nas dificuldades, luz para estar com os outros, razões para recomeçar.

Talvez te enerves menos e te controles mais. Talvez vivas com mais sentido e menos de impulsos. Talvez aceites a vontade de Deus para ti.

Talvez perdoes, talvez sorrias, talvez vivas para os outros.

Se rezas, acontecem coisas! Reza.

Aí onde estás. Até pode ser que tenhas tempo para assumir um encargo qualquer, na paróquia ou numa instituição. Mas não é preciso.

Um leigo empenhado é um simples leigo! O batismo já te deu vocação e missão. Tens a teu cargo a responsabilidade de transformar o mundo, amar e fazer amar Deus na família, no trabalho, em todo o lado.

A chamada à santidade não é privilégio de quem tem encargos eclesiais. Vive com sentido de missão e darás nova luz às batalhas de cada dia.

Não pergunto se gostaste da atividade, se achaste a cerimónia bonita, se gostaste das pessoas. Só se gostas de estar com Deus.

Também não pergunto se te é útil, ou fácil, ou se tens muitas luzes. Só se gostas de estar.

Também não é sobre trabalhar para Deus, nem falar Dele, nem cantar. Só estar.

Gostas? Como quem gosta de estar com quem ama, ainda que seja em silêncio? Como quem descansa em alguém só pela sua presença?

Não sabes? Que mundo tens a descobrir!

Há qualquer coisa de estranho nos teus momentos preferidos. Tudo o que consideras verdadeiramente bom foi vivido com pouquíssimas horas de sono ou com uns copos a mais. Precisas de te aproximar dos limites para o sentimento bater com mais força.

O que se passa? Por que não consegues desfrutar das coisas boas de cabeça fresca, plenamente consciente, tentando entender ao máximo o que houve ali de bom? Por que precisas de forçar uma intensidade fabricada?

Do que é realmente bom, desfrutas mais se estiveres desperto. De Deus, da amizade, da beleza. Meio morto fica tudo igual: intenso.

Acorda... para a Vida!

O tempo vai passando. Sabes, em teoria, que está tudo bem: mais vale esperar por um namoro com futuro do que precipitar o resto da vida num entusiasmo.

Mas às vezes ficas triste. Tens medo de não encontrar ninguém ou, pior, que ninguém te ligue. Perguntas se devias ter aproveitado aquela oportunidade. E tens um bocadinho de vergonha por aparecer sempre só.

Não percas a paz. E enquanto esperas por esse amor que fará florescer o melhor de ti, pensa que agora é para Jesus o teu coração inteiro.

Talvez Ele te peça para o guardares assim toda a vida. Ou que te mexas um bocadinho mais para encontrar essa pessoa. Que não será ideal, nem perfeita. Nem tu!

O Jubileu é um tempo para trazer de volta.

Trazer o nosso coração de volta para Deus. Trazer a realidade de volta, sobre o orgulho. Trazer de volta o perdão, sobre as nossas birras. Recuperar a paz e a confiança. Voltar ao caminho.

E trazer de volta os que estão longe ou se afastaram, mostrando, com a nossa presença, o rosto misericordioso de Deus.

Veem-no em ti?

*

A diocese de Lisboa anunciou um bom momento para experimentar esse regresso e mostrar esse rosto. Segue o @vemver.lx

Agarra-te a qualquer coisa! Faz o teu caminho...

Esta não é uma ideia cristã! Não está cada um por si, abandonado aos caprichos do acaso. Há um Deus que te quer junto Dele e que O encontres caminhando com outros.

Não podemos olhar para os que estão à nossa volta sem nos preocuparmos com a sua felicidade. Não é esse o olhar de Jesus que queres imitar.

A quem podes, com simplicidade, apresentar Deus? Sim, tu! Aí não há mais ninguém.

...a meta importa tudo!

A vida eterna é o que nos dá esperança nesta vida, é a única razão para esperar. Sem ela perde sentido a nossa sede de justiça e o desejo de infinito.

Mas essa felicidade eterna alcança-se por um caminho feliz na terra. A sede de Deus é a mesma e podemos saborear já um pouco dessa glória.

Pensa no céu. Pensa no prémio. É bom desejar Deus.

Tens um no trabalho. Conhece-lo bem! Aquele jeito... a ti não te engana. Fazes questão de prevenir todos contra ele. Contas uma história triste, referes os principais defeitos. Tentas contrariar sempre que ele fala, mandas abaixo porque ele fez. Se fez mal mostras a todos, se fez bem desacreditas.

Os que te ouvem já dão o desconto: é uma obsessão tua. Talvez tenha havido alguma coisa ao início, mas agora é só uma mania, um modo de ver viciado, uma ferida que manténs aberta porque te consola. Não vais encontrar apoio, nem razão: não a tens, ele não é o demónio e não tem nada contra ti. Até parece melhor que tu.

Humilha-te, admite que é egoísmo e aprende a ver com olhos novos: os do perdão. E do bom senso.

É bonita a tua preferência pelos mais fracos, a consideração que tens por quem sofreu ou sofre, a comoção que sentes pela dor e pela doença.

Mas chega a ser tão sentimental que lhes nega a autonomia, tão boazinha que lhes despreza a liberdade.

Ajuda no que podes, ajudando-os a dar o que podem. Não é preciso –nem bom!– desculpar tudo e tudo permitir. Há lutas a travar, talentos por descobrir, pecados a corrigir.

O caminho é diferente. Mas a proposta ainda é a santidade.

Falta-te audácia. Tentas sempre pequenino, seguro. Não acreditas nas pessoas, nem no trabalho bem feito, nem no poder de Deus. Vives a enterrar talentos, teus e de outros, para não os perder.

Ao teu lado, fazem grandes coisas os que não conhecem Cristo. Atraem gente, trabalham bem, mexem-se.

Faz como eles, aponta alto. Tens os mesmos meios. Tens motivos maiores. E tens Deus!

Se estás apaixonado, não queres ser como ninguém. Apenas estar com quem amas.

E Deus, infinitamente apaixonado por ti, não te quer igual a nenhum outro. Apenas estar contigo.

A oração hoje está a custar-te. Não tens nada para dizer e os textos nada te dizem.

Olhas para o relógio, respondes a uma mensagem que é urgente (ou tão breve que não conta como interrupção!), deixas-te vencer pelo sono, pensas nas tarefas do dia, apressas as palavras, desenhas no caderno (mas um símbolo religioso!), suspiras, vês as notificações, desistes.

Não desistas.

Insiste, leva essa oração, com esforço, até ao fim. Não deixes que a relação com Deus dependa dos teus apetites ou do consolo que te traz. Fica. Como um bom amigo.

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