Por coisas de nada! Uma ideia que não passou, um deslize que outros viram, a sensação de não ser tão estimado, um desejo que não viste satisfeito, a expectativa que não cumpriste.

Perdeste. E deixas-te cair na tristeza, no papel de coitadinho, por coisas que são pouco mais do que orgulho ferido.

Jesus, que esqueceste por momentos, está a tentar dizer que não foi derrota nenhuma. E que, ainda que fosse, está ali para te levantar.

Estende a mão. Não vale de nada procurar consolo longe de Deus.

Um novo bebé é a maior alegria. Pensar que Deus nos faz participantes do Seu amor criador, que nos confia nos braços a Sua obra maior, é de enlouquecer!

E cada nova vida, cada novo dom, que nos amedronta e deixa atrapalhados, é o que faz florir o melhor de cada um. Felizes pais.

Também é assim na nossa fé: o batismo é um novo nascimento. Uma vida nova, que Deus nos confia para a ajudar a crescer. Felizes os que cumprem espiritualmente essa paternidade. E que nos guiam para nascer de novo em cada recomeço.

Obrigado, Senhor, por ligares ao que digo. Obrigado por me recompores e ligares o que quebrei. Obrigado por me ligares aos que puseste ao meu lado. E por me ligares a Ti neles.

Que eu queira responder e ligar ao que pedes. Que seja agradecido porque me ligaste. Que saiba ligar os corações ao Teu.

Que eu nunca desligue a chamada. E se, por falta de rede a deixar cair, liga de novo.

Estás longe de ser perfeito. És bastante criticável.

Mas Deus, que conhece bem as tuas lutas e derrotas, quer dar-te mais uma oportunidade. Quer sempre. Tem a mão estendida, mesmo quando Lhe viras as costas e escolhes correr, teimoso, na direção contrária.

Nessa mistura de orgulho e vergonha pelo que fazes mal, confia em Deus. Não largues a mão que te estende com confiança.

És um exemplo de generosidade. Estás disponível para os outros e guardas pouco para ti. Podes quando outros não podem, dás o que outros não dão.

São coisas boas, coisas de Deus que ninguém faria se tu não fizesses. Mas estás de rastos. Sempre. Vives no limite do cansaço. Um cansaço sereno e alegre, cheio e bom, mas real: não és de ferro.

E precisamos de ti. Com paciência para ouvir, com cabeça para rezar, com força para ajudar. Não hoje, muito tempo.

Agora dá prioridade ao descanso, aprende a descansar. Sabes que podes. Vão continuar a pedir-te: dizes que não. E aquelas coisas boas? Ficam por fazer.

Tens a cabeça cheia, estás distraído, misturas oração com imaginação.

E falas, tagarelas, imaginas, constróis, inventas...

Pára. Fixa o olhar. Na cruz, no sacrário, na beleza das coisas de Deus.

De muito olhar, acabarás por calar-te. E ouvir.

Não és corajoso, muito menos temerário.

Mas há um mínimo que tens de ser capaz de fazer. Senão, nunca poderás assumir responsabilidades. E não há vida que não as peça.

Por isso, procura vencer-te nessas pequenas batalhas que pedem toda a tua bravura: dar uma opinião da qual podem discordar, guiar numa rotunda movimentada, dizer que não, fazer uma figura para alegrar alguém, olhar nos olhos, decidir, pedir donativos, declarar-se, ser sincero na confissão...

Se pedires, Deus ajuda. Estás em boas mãos.

Tens um fascínio por novidades. Coisas diferentes e únicas que apresentas sempre como enriquecedoras. A verdade é que tens uma conversa interessante, coisas para contar, curiosidades.

Mas andas sempre à superfície: não aprofundas um tema, não te comprometes com nada, não trabalhas verdadeiramente os teus talentos. E andas longe de Deus: atrai-te mas não te sabes dedicar.

Como aquele especialista em relações, porque teve muitas: nada sabe de amor, porque nunca teve um.

Começa a fazer escolhas.

Os mais novos vivem de esperança: têm pouco passado e muito futuro pela frente.

Tu já viveste uns aninhos mas acreditas na vida eterna: tens algum passado e um maravilhoso futuro pela frente.

Por isso, poderás ser sempre jovem, com a simplicidade e o ímpeto de quem se sabe amado. Mas não tens de aparentar!

Nem disfarçar: não estás velho, só experiente. E pronto para o que Deus quiser.

Crescemos à mesa.

Ali aprendemos a viver rodeados, a partilhar, repartindo o que nos é necessário. Aprendemos a generosidade deixando o bife maior, a temperança esperando pelos outros, a escuta quando todos querem falar, o serviço passando e pedindo a água, os modos falando ou comendo. Aprendemos a agradecer rezando com simplicidade, aprendemos a pobreza comendo o que nos dão.

Tão diferente das refeições solitárias, à porta do frigorífico, comendo por capricho o que um influencer aconselhou. Tão diferente dos jantares vidrados na televisão ou no que diz o telefone de cada um.

Hoje, quando os apelos à solidariedade facilmente se tornam vazios, devíamos recordar mais vezes o grito da mãe na nossa infância: para a mesa!

Começa a Quaresma. Tens propósitos?

Lembra-te que não é simplesmente um tempo para enrijar, fazer e sofrer mais! É um tempo de oração, para estares mais perto de Jesus. E essa proximidade será a razão da tua esmola e do teu jejum.

Para poder dar mais a Deus, tens de receber mais Dele.

Ouviste uma ideia para a tua vida cristã que te pareceu exagerada. Não é que discordes, mas já ninguém vive assim, são coisas de outros tempos, não é o mais importante.

E incomodou-te. Mas procuraste argumentos para defender o contrário e não os encontraste. A não ser a necessidade de compreensão e da intenção recta, que ninguém tinha posto em causa.

Talvez não seja uma ideia exagerada. Talvez seja só algo que não queres dar. Talvez seja o que Deus queria que ouvisses. Talvez faça sentido em quem vive por amor. Talvez seja para ti.

Não desprezes essas luzes.

(Vamos fazer uma pausa. Voltamos na Quaresma.)

É normal que nos custe admitir os erros. Mas que alegria quando os entregamos a Jesus na Confissão.

Por isso, desconfia de ti mesmo se pensas muito no modo de referir um pecado. Que é melhor dar o contexto todo, explicar não sei o quê, que havia outros, começar de modo suave, que não pareça habitual... Tens medo que o sacerdote fique com uma imagem de ti demasiado má.

Diz de uma vez! Perante uma pessoa simples, que admite humildemente os seus erros, não há outra reação que a admiração. E não é ao padre que te confessas: é a Cristo. Ele sabe bem o que queres dizer.

Mas se não fores capaz de o contar sem dar as voltas, dá as que precisares!

É deslumbrante a doutrina de Jesus. Continua a ser uma novidade e um desafio, para hoje e em todos os tempos.

Mas não podes ficar pela doutrina. Tens de chegar ao próprio Cristo, conhecê-Lo, amá-Lo, identificar-te com Ele.

E tens, nos Evangelhos, o texto que O põe diante de ti. Lê-o diariamente. Procura Jesus, entre simples e grandes, mestre, médico. Imagina o Seu rosto e gestos, o lugar e as atitudes dos outros.

Não só foi real, como ainda o é. Esse mesmo Jesus está vivo e espera-te na Eucaristia.

As orações antes das refeições, as que rezas, desde pequeno, antes de dormir, as que dizes por hábito ao olhar uma imagem... não as desaproveites.

Faz um esforço por não as rezar mecanicamente. Repara no que dizes e tenta pôr o coração em Deus.

Não são rotinas. As palavras de sempre, com carinho, são frases novas.

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