Tema: Conversão

Falta-te audácia. Tentas sempre pequenino, seguro. Não acreditas nas pessoas, nem no trabalho bem feito, nem no poder de Deus. Vives a enterrar talentos, teus e de outros, para não os perder.

Ao teu lado, fazem grandes coisas os que não conhecem Cristo. Atraem gente, trabalham bem, mexem-se.

Faz como eles, aponta alto. Tens os mesmos meios. Tens motivos maiores. E tens Deus!

Como queres apresentar um Deus que é amor, se mostras precisamente o contrário?

Não estou a falar da tua fidelidade à doutrina. É o modo, a atitude: parece que só queres ter razão, vencer, humilhar.

Deus fez-se homem, a nossa fé é relação. Não basta conhecer Cristo, Ele pede o coração. Não basta falar Dele, tens de O mostrar.

Quando não és amável, não és credível. E a tua preocupação pelos outros é muito ineficaz. Se é que existe...

Ter uma vida cristã que vá além do "cumprir". Ser cristão por amor, pela verdade, em todos os momentos. Procurar Cristo nos sacramentos, na oração, nos outros.

Dar menos importância às minhas coisas, à minha imagem, à minha carreira, à minha saúde, ao meu futuro, à minha popularidade, ao meu conforto, à minha forma.

Ser responsável, não me queixar, não arranjar desculpas. Viver com sinceridade, sem fingir, dando a cara. Disposto a sofrer por Deus, pelos outros, pela justiça, pela verdade.

Estar alegre. Que é o resultado das anteriores.

Depois de encontrar o Menino e com uma especial luz de Deus, os magos voltaram a casa por outro caminho.

Ver Deus assim no presépio, partilhando a tua própria fragilidade, estendendo a mão para te aproximares sem medo, não te move a mudar de vida?

As decisões de entrega que vais adiando, as justificações interiores que procuras para não ter que mudar, os maus hábitos a que estás agarrado... O menino pede-os.

Deixa tudo aos Seus pés. Deixa a vida, para nunca mais a reclamar. Não importa que estejas longe: põe-te no caminho certo.

Agradeço que mo digas. Mas não chega. Ainda não percebeste que não estou a conseguir largar?

Dá-me razões, explica-me como se larga, diz-me a que me devo agarrar. Os argumentos de autoridade já os conheço bem. Não mandes: acompanha-me, anima-me, ajuda-me.

Eu conheço a lei de Deus. Queria conhecer agora o Seu amor. Poderei contar com a tua paciência?

Diante do sacrário, estou a sós com O amigo, por excelência. Mas… não sinto essa intimidade! Se for para desabafar ou pedir conselho, prefiro falar com alguém: um familiar, um amigo, até mesmo com um sacerdote.

Sabes porque não tens essa intimidade? Porque a vossa relação, a depender de ti, não existia. Deste tudo por garantido. Nunca te sentiste verdadeiramente impotente. Nem experimentaste pôr Deus em primeiro lugar e viver abandonado a uma única vontade.

Mesmo agora, és tu à força que queres progredir na vida interior. Desce do pedestal e faz um propósito: daqui em diante, não darás um único passo sem Deus. Nem que tenhas de dizer-Lhe - “Não Te ouço!”.

As regras também!

É que, iluminadas por Jesus e pela relação com Ele, acabarás por ter pena de não as cumprir. Não chega ler as instruções se o autor as quer explicar. Não chega compreender se são para amar.

Por isso, persegue essa atração. Precisas tanto de doutrina como de oração. De cabeça, como de coração. Passa tempo com Jesus, falando, ouvindo, pedindo, louvando. Conhecendo-O.

E já agora, se Deus é Deus, bem que pode fazer regras. Sorte a nossa que as tenha feito tão leves de cumprir. Por amor, nada pesa.

Não é um dia igual aos outros. É o do descanso da criação, é o da Ressurreição.

É o primeiro dia da semana, o da novidade radical que trouxe Cristo. É o dia em que celebramos a Eucaristia e nos lembramos de fazer da nossa vida uma Missa.

É o dia em que todos paramos para estar uns com os outros, em família, na nossa comunidade, em comunhão de intenções. Desde sempre.

É um dia para dedicar ao descanso e à oração, à leitura da bíblia, à relação com Deus e à missão.

Não dá jeito hoje? Para falhar um mandamento, não é razão suficiente.

És cristão sem exageros. O teu Cristo não julga. Selecionas os ensinamentos da Igreja depois de consultar o mundo. Tens tempo para Deus, se te sobrar, se te apetecer. Tiraste valor a tudo para caber no teu pequeno kit de verdades de fé e de moral.

Essa tua religião salva? Porquê? És fonte de iluminação e força que vence o pecado?

Cristão entre aspas, que põe partes da moral entre parênteses e reza o credo com reticências... tanta pontuação para descobrir, no final, que a tua vida não disse nada.

Pensa bem. O que tem sentido é uma religião a que tu te ajustas, e não ao contrário. Se existir um Deus que salva, terá sempre de ser um Deus fora de ti, anterior a ti, recebido, não fabricado. Necessariamente incómodo, porque verdadeiro.

Que espera a tua humildade para te exaltar. Segue-O.

Esta pergunta anda sempre, baixinho, na tua cabeça. Quando estás com outros é o que vais medindo, quando chegas a um evento é o que te preocupa, quando acaba, o que avalias.

Sem ser demasiado clara, é a pergunta que te deixa triste ou contente. Não te larga. Mas também não a enfrentas.

Precisas de te sentir querido. O que não precisas é de duvidar tanto de que o és. Ou se deixaste de o ser. Ter o afeto dos outros não é senti-lo continuamente.

Mas, sobretudo, és querido por Deus, com um afeto mais seguro e fiel do que qualquer outro dos que andas a mendigar.

Tranquiliza-te. E pensa mais nos outros.

Anda tudo obcecado com Deus! Isso mesmo: obcecado. Veem-nO em toda a parte - no hambúrguer que devoram com avidez, no Rolex que ambicionam comprar, na viagem que planeiam fazer, no cargo que sonham ocupar, na noite, no sexo, no álcool e nas drogas… Por isso dizem que, quando alcançarem essas coisas, serão felizes, plenamente felizes. Até podem não dizê-lo, mas sentem-no. E essa convicção profunda motiva a sua luta.

Tu, porém, queixas-te! Que o mundo é averso aos cristãos… Esqueces-te que o mundo é obra de Deus e o ser humano também. Há um erro de fabrico e a gente almeja a perfeição. Só que a procura no sítio errado…

São precisos, importantes. Quando se trata de amar os outros e quando se trata de amar a Deus. Não é piegas, é coerente!

Imagina uma mãe que nunca abraçou o filho, nunca lhe disse ao ouvido palavras ternurentas, nem deixou escapar pelo olhar um pormenor de afeto… Por muito amor que guarde, dirias que é perfeita a sua expressão?

Assim é contigo, que escondeste a sensibilidade na gaveta e agora pretendes amar sem corpo… Deixa-te disso! E lança um beijo à tua mãe do Céu.

Se não acredito que é o corpo de Cristo, se fiz um pecado mortal e não recebi a absolvição de um padre, se não fiz jejum uma hora antes de comungar, se só o faço porque me estão a ver, então, não comungo.

Não é um direito meu, nem é algo que faça só porque me apetece.

Preparar-me para acolher este doce privilégio parece-me mais próximo do amor à Eucaristia que sou chamado a ter.

Domina o relativismo, ganha a força. Perdemos certezas e terrenos de diálogo. O homem escondeu Deus e faz as Suas vezes: decide quem é, escolhe mandamentos, guia a humanidade.

Com um poder imenso de comunicação, disfarça-se a solidão, as famílias destruídas, o egoísmo, a confusão dos géneros, o vício da satisfação dos sentidos... a falta de esperança.

Há sítio para um cristão neste mundo?

Há! À frente, bem visível. A indicar o caminho de regresso a Deus, que todos –sim, todos!– anseiam redescobrir.

Não temas. Crê.

Surge como obrigação, necessidade que aceitas com abnegação e virtude. E dás tempo, energia e cabeça para cuidar de quem precisa de ti.

Mas há mais. Aqui somos felizes fazendo felizes os outros. Se puseres alegria, tirarás alegria.

Agradece o que aprendes dos mais necessitados, da sua história rica, da humildade com que se põem nas tuas mãos, das suas lutas e recomeços. Não há descartáveis.

Cuida –ouve, trata, limpa, sara– com alegria! É um privilégio teres agora alguém confiado, a quem podes retribuir o que recebeste, a quem podes fazer feliz. Em quem tens Cristo.

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