Tema: Desprendimento

Surge como obrigação, necessidade que aceitas com abnegação e virtude. E dás tempo, energia e cabeça para cuidar de quem precisa de ti.

Mas há mais. Aqui somos felizes fazendo felizes os outros. Se puseres alegria, tirarás alegria.

Agradece o que aprendes dos mais necessitados, da sua história rica, da humildade com que se põem nas tuas mãos, das suas lutas e recomeços. Não há descartáveis.

Cuida –ouve, trata, limpa, sara– com alegria! É um privilégio teres agora alguém confiado, a quem podes retribuir o que recebeste, a quem podes fazer feliz. Em quem tens Cristo.

Desculpa, não te falei. Desculpa, falei muito tempo. Se calhar estavas à espera de outra coisa, não expliquei bem. Expliquei demais, não foi? Fui um bocado rude. Devia ter sido mais firme. Se calhar preferias diferente. Estive pouco contigo. Estive muito contigo. Talvez não gostes. Fui chato? Estou a ser chato?

Não aguento tanto cuidado! Agradeço as atenções, mas perguntas tantas vezes se agradaste que só queres ouvir a aprovação. É amizade ou querer ficar bem?

Já sei que és inseguro. Há mais segurança no desprendimento: não perguntes.

Tudo ao detalhe, com previsão e prudência. É uma necessidade! Ficas inquieto com o que não controlas. Fazes listas, tabelas, rotinas, verificações, testes.

Sempre descansaste nessa qualidade mas agora a vida trouxe-te surpresas. Os planos falham, as pessoas não se programam, há detalhes que não controlas. E Deus trocou-te as voltas.

Tens de encontrar espaço para entregar e confiar. Aceitar o imprevisto, fazer à maneira de outros. Desprendido da tua vontade e querendo a de Deus, que sabe mais e faz melhor.

Olhar nos olhos, dar opinião, convencer, escutar, corar, consolar, dar conselhos, contar histórias, expressar-se, partilhar, aprender...

Sem recorrer ao vídeo quando o tema arrefece, sem perguntar ao Google quando surge uma dúvida, sem registar em fotografia, sem ler as notificações que chegam de fora... sem interrupções.

Coisas do passado para experimentar entre amigos e família. E sempre na oração.

Foste avisado, preveniram-te, ofereceram ajuda. E desiludiste. Caíste com força na lama, onde ficaste a rebolar, afundando-te na própria miséria.

Nem tens coragem de aparecer. Estás envergonhado, querias fugir e esconder-te, encontrar qualquer desculpa. Nunca um erro te pesou tanto.

E Deus?

Que Lhe disseste? Que ajuda e perdão pediste? Lembras-te do filho da parábola, que fez pior que tu e que o pai esperava à porta? É isso que conta, não o juízo da multidão.

A consciência da fraqueza far-te-á confiar em Deus e a vergonha de seres visto no chão é uma ajuda para a próxima luta. A contrição, dor de amor, pode levar-te mais longe do que podias antes.

Confuso? Nossa Senhora explica isto bem.

Aprende a rir-te de ti próprio. Dessa solenidade que pões em tudo e da preocupação constante por ficar bem.

Com bom humor dás ânimo aos que estão à tua volta, evitas preocupações com problemas imaginários e revelas aos outros um pouco da alegria que levas dentro.

Ri-te! És filho de Deus! Podes esquecer-te de ti próprio e pensar primeiro nos outros. Não tens de ser muito engraçado, mas encontrar graça em tudo o que te é dado.

Sorri. Estás a ser cuidado!

A sós com Deus não podes disfarçar, de nada servem as desculpas. A sós com Deus enfrentas-te contigo tal como és. A sós com Deus que grandes são as tuas fraquezas.

E como Deus te ama sem os disfarces, sem as desculpas, pequeno, fraco e dependente.

A verdade mais crua também é a mais consoladora e, por muito que fujas, terás de a conhecer. Procura-a hoje, a sós com Deus num tempo de oração. Sem medo.

Mal cotado, com uma expectativa de retorno negativa. Volátil e com forte possibilidade de incumprimento.

Mas Jesus investiu em ti. Tudo. A vida! Pagou por ti o preço do Seu sangue, derramado na cruz por amor.

Talvez não sejas o ativo mais rentável, mas tens razões para agradecer. Com obras. Com a vida!

Eras um mau investimento, mas não para Deus. Ele não se enganou: apostou em ti com esses talentos e fraquezas, esperando que possas render. Tem informação privilegiada!

Esperavas consolo na oração e vives na aridez. Esperavas ser confidente de muitos e são poucos os que te procuram. Esperavas ter palavras de fogo e os ouvintes adormeceram. Esperavas ser um grande santo e só notas as misérias.

Disseste a Deus que podia contar contigo naquilo em que és bom, no que tens desejos de fazer. E Ele pediu-te outra coisa.

Pediu, pelo menos, que entregasses agora esse desejo, que te abandonasses nas Suas mãos para perceber como não sabes nada e Deus tudo sabe.

Não te entristeças. Quando encontrares alegria no desprendimento, talvez Deus te conceda os dons que esperavas. Ou talvez não. Que importa?

Reconheces e admiras o bem feito por outros. Mas vives sempre com o distanciamento de quem nunca se vai meter naquilo: nem aquele projecto, nem aquela vocação.

Não te achas à altura, ou tens medo de falhar, ou pensas que é preciso algo extraordinário. Ou és um comodista pouco generoso e muito zeloso das tuas seguranças.

Deus não chama quem tem bom currículo. Chama quem quer, gratuitamente, por amor. E dá-lhe os meios.

Aproxima-te, mete o ombro. É bom e talvez seja para ti!

*

Voltamos a partilhar uma proposta de voluntariado no verão, para ajudar pais de pessoas com deficiência. Uma boa iniciativa, que precisa de voluntários dispostos a arriscar seguranças. Vê os testemunhos em @novarese.portugal

Às vezes fazemos de Deus um ser supremo, de sobrolho franzido, que nos exige coisas. E quantas mais fizermos, tanto mais gosta de nós.

Mas Ele não é assim. Não quer almas crispadas, tensas, que O sigam por medo ou escrúpulo. Quer filhos que O amem. Livremente.

Não queiras conquistar Deus à força de braços. Ele não precisa de ser conquistado: foi Ele quem te amou primeiro.

Deixa-te tu conquistar. Com mais simplicidade, chegarás mais alto. Em Deus descansa-se.

O telemóvel prende-te. Como todos, talvez, mas o vício é teu. E tens perfeita consciência do tempo que perdes, das infantilidades em que te metes, da vaidade que te inquieta, do desejo imediato de recompensa.

O tempo que passas agarrado ao ecrã, muda o teu modo de ver os outros e o mundo. Os jogos, as redes sociais e a pornografia alteram o teu cérebro, a tua relação com as pessoas e a tua capacidade de admiração. De relação com Deus.

Estás agarrado. Mas podes desprender-te e desfrutar da realidade. Escolhe mais rua, mais natureza, mais pensamento, mais relação... mais Deus.

*

Conheces a Mirabilis? Nasceu para nos ajudar a perceber como os ecrãs nos afetam. E como tornam distraídos do maravilhoso mundo em que vivemos. Vais querer seguir: @mirabilisportugal

É sincero, não publica mentiras.

É prudente, não segue algumas contas.

É humilde, não liga a popularidades.

É modesto, não se despe.

É apostólico, fala de Deus.

É livre, perde pouco tempo.

É sensato, pondera sair.

É cool, segue o Queima-te! Mas agora já não precisa porque existe um canal no WhatsApp! Vê o link na história e na bio.

Porque escolheste Deus, abandonaste algumas coisas. E ainda que a tua escolha se mantenha firme, às vezes tens saudades do que largaste.

Talvez preferisses dá-lo de uma vez para não mais te pesar. Como se o entregásses e acabassem tentações, como se deixasse de atrair aquilo a que renuncias.

É o momento de atualizares essa escolha, voltar a colocar nas mãos de Deus o que abandonaste no início.

Lutas normais de uma vida entregue: tens a graça de Deus para todas. E hoje que pesam pede-Lhe também misericórdia.

A ausência de compromissos dá-te uma sensação de liberdade. Vais fazendo umas quantas coisas –tens que experimentar, dizes!– sem nunca correres o risco de perder outras. Só dás o que ainda sobra, nunca perdes nada, não te entregas.

Percebo-te, ainda és jovem.

Mas tens de ser capaz de tomar decisões definitivas. Ou não serás capaz de amar, nem de conhecer os talentos que Deus te deu, nem sequer de desfrutar do que fazes. E, pior ainda, sem te dares conta.

Compromete-te. Podes dizer sim e levar essa decisão até ao fim. Não vai ser fácil, vai ser bom. Perderás algumas coisas, ganharás as que escolhes.

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