Tema: Carácter

Por coisas de nada! Uma ideia que não passou, um deslize que outros viram, a sensação de não ser tão estimado, um desejo que não viste satisfeito, a expectativa que não cumpriste.

Perdeste. E deixas-te cair na tristeza, no papel de coitadinho, por coisas que são pouco mais do que orgulho ferido.

Jesus, que esqueceste por momentos, está a tentar dizer que não foi derrota nenhuma. E que, ainda que fosse, está ali para te levantar.

Estende a mão. Não vale de nada procurar consolo longe de Deus.

Não és corajoso, muito menos temerário.

Mas há um mínimo que tens de ser capaz de fazer. Senão, nunca poderás assumir responsabilidades. E não há vida que não as peça.

Por isso, procura vencer-te nessas pequenas batalhas que pedem toda a tua bravura: dar uma opinião da qual podem discordar, guiar numa rotunda movimentada, dizer que não, fazer uma figura para alegrar alguém, olhar nos olhos, decidir, pedir donativos, declarar-se, ser sincero na confissão...

Se pedires, Deus ajuda. Estás em boas mãos.

Os mais novos vivem de esperança: têm pouco passado e muito futuro pela frente.

Tu já viveste uns aninhos mas acreditas na vida eterna: tens algum passado e um maravilhoso futuro pela frente.

Por isso, poderás ser sempre jovem, com a simplicidade e o ímpeto de quem se sabe amado. Mas não tens de aparentar!

Nem disfarçar: não estás velho, só experiente. E pronto para o que Deus quiser.

Crescemos à mesa.

Ali aprendemos a viver rodeados, a partilhar, repartindo o que nos é necessário. Aprendemos a generosidade deixando o bife maior, a temperança esperando pelos outros, a escuta quando todos querem falar, o serviço passando e pedindo a água, os modos falando ou comendo. Aprendemos a agradecer rezando com simplicidade, aprendemos a pobreza comendo o que nos dão.

Tão diferente das refeições solitárias, à porta do frigorífico, comendo por capricho o que um influencer aconselhou. Tão diferente dos jantares vidrados na televisão ou no que diz o telefone de cada um.

Hoje, quando os apelos à solidariedade facilmente se tornam vazios, devíamos recordar mais vezes o grito da mãe na nossa infância: para a mesa!

Disparas em todas as direções. Quando não concordas és terrível: desmontas ideias, destróis argumentos, mordes!

Mas ninguém sabe o que pensas. Não tens nenhuma proposta, não ofereces alternativa: destróis para nada erguer.

Parecia que a tua vida tinha um rumo. Afinal, só sabes por onde não ir. É assim que esperas que alguém te acompanhe?

Não contavas com o que te aconteceu, nem com o que te disseram. Pensavas-te mais fiável, mais responsável.

E ficaste paralisado. De repente és muito pior, todos pensam mal de ti, o futuro tem pouca saída...

Calma! Não aconteceu nada. É bom perceber o que podes melhorar, é bom ter quem to diga com frontalidade. Ninguém ficou a pensar que eras uma pessoa diferente por teres feito um erro.

Não te precipites e não exageres: agarra o desafio, com tempo. É assim que se cresce.

Fugimos do tédio para cair nele. Não suportamos o silêncio, a espera. Vivemos de distrações que não nos dizem nada.

Consumimos, acumulamos. E esquecemos tudo. Não queremos aprender, não sabemos observar, não escolhemos construir.

Cercados por ecrãs, com os ouvidos tapados, as mãos ocupadas, o olhar hipnotizado, fingimo-nos ocupados com o que sabemos ser vazio.

Não estava mal reaprender a não fazer nada, para recomeçar a fazer alguma coisa.

Vives de eventos, momentos mais ou menos breves que te entusiasmam por Deus. E não transformas essas experiências em vida. Deus falou-te e queria continuar a conversa, mas tu só O ouves quando é intenso.

Que pena! Podias crescer na amizade com Ele.

Escreve o que te ajudou na oração, para poderes voltar a essa ideia. Concretiza em ações as luzes que tiveste para serem mais do que bons desejos. Se te impressionou o testemunho de alguém, pensa que coisas se aplicam à tua vida. Se saboreaste um tempo de maior relação com Deus, traz isso para o teu dia-a-dia. Se tocaste o amor de Jesus por ti, procura amar em resposta.

Não perguntes apenas se foi bom. Quanto ficou?

Já és crescidinho. E dás-te conta que não chegas à maturidade de modo perfeito: tens defeitos. Inclinações más que puxam por ti com força para o que sabes estar errado. E, com vergonha, admites que, por vezes, desejas o mal.

É a vaidade? A intemperança? O egoísmo? A impureza? A avareza? Seja o que for, vai custar-te sempre.

Mas não te rendas: luta. É difícil matar o defeito mas, com a graça de Deus, podes dominá-lo. Esmagar o desejo do mal com o desejo do bem.

Conhece-te, evita o gatilho da tentação e dá um tom desportivo e alegre a essas conquistas. Aprende a viver contigo.

Se estás apaixonado, não queres ser como ninguém. Apenas estar com quem amas.

E Deus, infinitamente apaixonado por ti, não te quer igual a nenhum outro. Apenas estar contigo.

Tens muito que fazer e já fizeste imenso. Chegou uma parte difícil. Não tens nenhuma obrigação. Surgiram coisas com que não contavas. Já não vale a pena, não ia resultar. O resto da equipa fez pouco. O teu entusiasmo passou.

Tens várias razões para deixar o trabalho como está, desistir. Que alguém lhe pegue a partir daqui.

Mas não te comprometeste? Então acaba-o. É a tua palavra. Ou a pena de olhar para trás e ver tudo o que quase fizeste, sabendo que não fizeste nada.

São muito melhores, não envergonham tanto, até ficam bem. São mais comuns, toda a gente os tem, até dá para fazer piadas e viver com leveza.

Os teus defeitos não. São um peso, uma humilhação. Deixam-te triste, sem esperança.

Mas como isto é verdade para todos, é mentira. Não há defeitos bons. E há mil escondidos.

Dá luta aos teus: Deus pode vencê-los.

Tu, que não és teimoso, nem obstinado. Que não és irreverente. Que ouves e reconsideras; que procuras ser dócil. Que não segues desalmadamente as tuas paixões. Que escutas o dever e és amigo da prudência. Que desprezas a tua imagem e amas a discrição. Tens falta de personalidade, dizem. Irritas!

Não se dão conta de que já alcançaste o que eles, em vão, se esforçam por alcançar. Que, entre todos, te destacas como o mais forte, o mais seguro, o mais feliz. Que és templo de Deus e que o Espírito Santo habita em ti. Que tens um Pai e és Seu Filho.

Não há personalidade mais marcante que essa.

O restaurante, o plano, as férias, a cor, as horas...

Nunca tomas posição, não queres decidir. Foges de tudo o que te possa complicar a vida, suscitar críticas, criar conflitos.

Parece amabilidade mas é, na verdade, indiferença. Uma preguiça para tudo, que te impede de desfrutar a fundo das coisas boas.

Anda, mexe-te, arrisca! O prazer da tranquilidade vale muito pouco comparado com o da aventura!

É sempre!

Não foste nada claro, mas ele é que não percebeu. Não atendeste mil vezes, mas ele é que te recusou uma chamada. Não te empenhaste, mas eles muito menos. Não aceitas críticas, mas ele é que tem a mania. Não estudaste, mas eles é que dão imenso trabalho.

Procuras sempre justificações, nunca responsabilidade.

Com um pouco mais de humildade podias, pelo menos, ser realista. Dava para ir corrigindo o que é, obviamente, culpa tua.

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