Tema: Carácter

Surge como obrigação, necessidade que aceitas com abnegação e virtude. E dás tempo, energia e cabeça para cuidar de quem precisa de ti.

Mas há mais. Aqui somos felizes fazendo felizes os outros. Se puseres alegria, tirarás alegria.

Agradece o que aprendes dos mais necessitados, da sua história rica, da humildade com que se põem nas tuas mãos, das suas lutas e recomeços. Não há descartáveis.

Cuida –ouve, trata, limpa, sara– com alegria! É um privilégio teres agora alguém confiado, a quem podes retribuir o que recebeste, a quem podes fazer feliz. Em quem tens Cristo.

Mudavas processos, tiravas as pessoas, gastavas dinheiro, encontravas gente competente. Como se fosse tudo fácil, como se os que lá estão andassem todos a tentar o oposto.

Falta-te realismo. E falta-te caridade.

É claro que vale a pena melhorar, que deves apontar o que te parece errado. Mas serve de pouco o herói salvador que é incapaz de trabalhar com alguém. És tu, e não os outros, quem não quer fazer equipa.

Não mandes bitaites, colabora. Ou vai fazer a tua cena para outro lado.

É bom teres gostos, é importante teres hábitos, é exasperante teres manias!

Estás agarrado a coisas sem importância e dás peso a pormenores que os outros não conseguem valorizar.

Ficas nervoso, inquieto e desconfortável. Respira fundo e não digas nada: é mania tua! O que eles estão a fazer é perfeitamente normal.

Como se fosse bom apenas por te apetecer. Ou como se fosse uma fatalidade e não pudesses controlar os teus desejos.

Dentro dos teus apetites há coisas boas e más, inclinações certas e erradas. Não és mais livre por fazeres tudo o que passa pela cabeça. Serias, se dominasses a tua vontade e conseguisses escolher fazer o bem, apeteça ou não.

És muito influenciável, a internet molda-te, repetes o que fica bem. Dás ares de rebelde a quem ninguém dá lições, mas és bem mansinho: copias tudo o que te põem à frente. Não defendes muito bem as tuas causas.

Domina-te, ganha disciplina! E chegará a apetecer-te o que está certo.

Cortas a direito com uma sinceridade clara e rápida. A quem vê de fora, esse pulso forte gera alguma admiração. Sabes isso e fomentas um certo culto da tua personalidade.

Mas para quem vive à tua volta, és insuportável. Sempre negativo, sempre crítico, sempre a ensinar. Eles não fazem nada, eles fazem mal, eles fazem tarde.

Na verdade, eles sabem fazer bem, só não querem fazer contigo. Podes ser sincero e viver a caridade: muda tu primeiro.

Destacas-te como bom cristão, sabes mais, rezas mais, tens outra postura e, aparentemente, mais fé. Não duvido: se corressem todos na mesma pista, ganhavas.

E então?! És o melhor do grupo? Não o sabes, não é o que procuras e não é -não deveria ser- o que te move.

O que te pede Deus? Que dons te deu? Como és generoso? Quanto confias? Quanto te parece suficiente?

O teu amor a Deus pode crescer sempre. Se te orgulhas por amar mais do que outros, já começou a diminuir.

Vais querer ser exemplo de fidelidade ou gabar-te de obstinada rebeldia? Vais querer continuar a parecer miúdo ou aceitar a beleza de ser velho? Vais querer ensiná-los com orgulho ou lamentar o que não aprendeste? Vais querer falar-lhes de Deus ou deixá-los presos à terra? Vais querer ser agradecido ou um pobre amargurado?

Não, a vida não são dois dias. Acabarás por colher aquilo que semeias hoje. É o que tens para dar aos outros. Pensa neles.

E agradece a vida dos teus avós, no dia dos de Jesus.

Custa-te muito que te vejam errar. Sentes uma grande humilhação por ser corrigido. Vives inquieto com o medo de não vencer.

Fazes coisas incríveis, tens imensos talentos e, mesmo assim, preferes os dos outros. Querias aquele sucesso,  aquela ferramenta, aquele jeito.

Desculpa, és orgulhoso e pouco agradecido. Não valorizas o que te foi dado e insistes em comparar-te, como se os dons fossem armas para derrubar e chegar primeiro.

Terás outra alegria se souberes pedir ajuda, se usares os talentos para servir, se fores discreto e agradecido pelo que tens: dons de Deus, que os pede de volta.

Jantar de amigos. Na conversa, serena, foram aparecendo nomes de outros que não estavam presentes.

Sobre os que havia coisas boas a contar, saíram elogios e uma alegria sincera, quase orgulhosa, de sermos também seus amigos.

Sobre os que havia novidades menos felizes houve... preocupação, compreensão e sugestões para os tentar ajudar. Com o mesmo orgulho de sermos amigos seus.

Dos teus amigos não falas mal nas costas.

E chega a época em que és a pessoa que mais sofre no mundo! Porque te continuam a pedir coisas sabendo que tens de estudar. Porque parece que não ligam ao teu esforço. Porque não estudaste antes mas ninguém percebe que a culpa foi de outros. Porque te exigem mais e mais trabalho.

Por Deus e para Ele, deves ser um bom estudante: que trabalha com esforço para levar o mundo a Deus, que ama a criação das mãos do seu pai, que aproxima de Cristo os que estudam com ele, que oferece a Deus o seu trabalho bem feito. E não vive obcecado com os resultados.

Contra o egoísmo ou a preguiça, estuda por amor.

Estou bem aqui? O que pensa de mim aquele? E o chefe, o que pensa? Estou atrás dos outros. Terei futuro? Porque não aproveitei aquela oportunidade? Estão todos a casar. Ainda haverá alguém? Nota-se que me preocupo?

Podes ficar às voltas o tempo que quiseres, entristecer-te e desanimar com previsões e adivinhas, dar lugar ao medo que hoje resolveu ocupar o espaço todo.

Ou podes pôr-te de lado e, por uns momentos, pensar nos outros. Se os podes alegrar, como podes servir, como os farás sorrir ao chegar a casa, quem gostaria da tua chamada, quem vai agradecer o teu tempo. E em Jesus, que aguarda um olhar teu. Nem sempre consegues: hoje tentas.

Vive para fora. O lado de dentro risca-se com facilidade.

Disponível, atento e pessoa de palavra. Se te metes num projecto é para te envolveres, se aceitas um convite, não faltas, se te comprometes, entregas.

Desaparecer quando surge algo mais agradável é ser desleal. Dar o dito por não dito é ser mentiroso. Desmarcar-se por não ter protagonismo é ser interesseiro. E tu queres ser o contrário: leal, verdadeiro e atento aos outros.

Podias ter dito que não, mas comprometeste-te. É semanal e dá trabalho? Vai todas as semanas e trabalha. Se havia planos melhores, entregaste-os.

E assemelhas-te a Deus, que é fiel.

Deixámos de usar a cabeça, discutimos com o coração. Só. Sem a razão, sem a ciência, sem a história, sem a justiça e sem o bom senso.

Já não somos esclarecidos: não interessa, não chega! Somos comovidos, entusiasmados, enfurecidos, enternecidos. Deixámos de aprender. Decidimos pela inclinação mais forte e já nem queremos que concordem, só que nos apoiem.

É a estratégia de quem fala para consumidores. E também a fraqueza de procurar desculpas para o mal e não razões para a verdade.

É provável que o coração te domine. Não o sigas se te afasta da verdade.

Pela dedicação com que escrevi este texto, não me digas agora que discordas!

Se não resistes aos impulsos mais vulgares, se és incapaz de recusar um prazer, se te deixas levar por qualquer apetite, se o gosto ganha sempre ao dever... não és senhor de ti próprio.

E enquanto não cresceres nesse domínio pessoal, será muito difícil amares alguém. Porque não consegues entregar o que não possuis.

Sim, tens que crescer em fortaleza, resistir às tentações, educar os apetites e ser fiel. Consegui-lo-ás por amor, porque te queres dar e porque tens ajuda. Consegui-lo-ás por Deus, se for Ele o senhor do teu coração.

Habituaste-te a desvalorizar as pequenas mentiras. Não prejudicam ninguém, ninguém vai descobrir, salvam-te de dificuldades e problemas. Mas o facto é que já não sabes viver sem elas. Às vezes, já nem consegues distinguir a verdade da mentira. Não te esqueças do que diz Jesus: «Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é infiel no pouco também é infiel no muito» (Lc 16, 10).

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