Tema: Redes sociais

Tenho amigos suficientes? E seguidores? Tenho menos que outros. Nota-se?

Quantos comentaram? O que comentaram? Marquei? Aquele não comentou. Aquela só deixou um like.

Recebo muitas mensagens? Contam-me as novidades? Sei primeiro ou no fim?

Não te importam os amigos, importas tu. Só aceitas ser próximo de quem contribui para a tua imagem. O teu sucesso é ir subindo os degraus da popularidade. Ficas triste, querias ser sempre viral.

Vives entre o espelho e o telefone: já apanhaste o vírus!

Fugimos do tédio para cair nele. Não suportamos o silêncio, a espera. Vivemos de distrações que não nos dizem nada.

Consumimos, acumulamos. E esquecemos tudo. Não queremos aprender, não sabemos observar, não escolhemos construir.

Cercados por ecrãs, com os ouvidos tapados, as mãos ocupadas, o olhar hipnotizado, fingimo-nos ocupados com o que sabemos ser vazio.

Não estava mal reaprender a não fazer nada, para recomeçar a fazer alguma coisa.

97 minutos por dia. Foi o tempo que cada português passou nas redes sociais. 35.502 num ano. 591 horas, 25 dias completos. Só nas redes sociais.

Em 2024, quantos minutos por dia passaste a ajudar alguém? Ou a ouvir? Quanto tempo gastaste em voluntariado? Quanto dedicaste à oração? E à amizade? E à família? E a ler? O que deixaste de fazer por estares no instagram? Que resultados estragaste? Que capacidades perdeste?

2025 só será um grande ano se viveres para fora.

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Se quiseres uma dicas, segue a @mirabilisportugal

Partilhas tudo. O que fazes, onde, com quem. Têm de ver, têm de saber. Nem sabes do que gostas, só do que fica bem. Expões, expões-te, até à intimidade. Nada é só teu.

E na verdade não partilhas coisa alguma. São superficialidades que adjetivas para parecerem profundas. Mas não chegas dentro, a quem és, ao verdadeiro.

Ficaste sem nada -sem ti próprio- para partilhar. O mais popular vive só e vazio.

Larga as redes.

Serias capaz de o contar com sinceridade? As aplicações que usas, as pesquisas que fazes, todos os perfis que tens, o tipo de vídeos que vês, o que jogas, em que gastas dinheiro, o tempo exato que perdes.

Ou é uma versão oculta de ti próprio? O teu refúgio para fazer o que quiseres sem ser visto?

Com uma vida dupla não podes estar bem com Deus. Sem sinceridade não podes estar bem com os outros.

Não tens que apregoar ao mundo o que fazes na internet mas, a quem te ajuda, podes pedir conselhos. E ir cortando, uma a uma, as coisas que te envergonham, roubam tempo e sono, e afastam de Cristo.

Estás só? Estás carente?

Encontrarás aplicações que te arranjam alguém para passares um bom bocado. Podes escolher, de uma montra, baseado em quase nada, o perfil que te satisfaz. Não chegarás a saber o que tem de falso e verdadeiro. Nem o que pensa, que história tem, que virtudes invisíveis, que dons. Quem é.

Nem queres. Desprezas o que te apetece.

Não podes olhar assim ninguém. Nem a ti.

Talvez haja aplicações úteis, bons encontros e histórias bonitas. Se as usas para te satisfazer, és só mais um egoísta. E aprofundas, em ti e no mundo, essa tremenda solidão.

É sincero, não publica mentiras.

É prudente, não segue algumas contas.

É humilde, não liga a popularidades.

É modesto, não se despe.

É apostólico, fala de Deus.

É livre, perde pouco tempo.

É sensato, pondera sair.

É cool, segue o Queima-te! Mas agora já não precisa porque existe um canal no WhatsApp! Vê o link na história e na bio.

A publicação de hoje era outra, mas o pai Instagram resolveu apagá-la. É bom saber que ainda há quem se preocupa connosco.

Pode parecer que o filtro prejudica conteúdos católicos. Mas não! O que há é um extremo cuidado para que ninguém seja exposto a ideias perigosas.

Ainda lhes disse que estava escrito com ironia. Bom para este post é que a máquina não o percebe! Obrigado.

Como o telemóvel te seduz!

Entras num mundo novo, surpreendente, de paisagem feita à tua medida. És guiado pela mão em tal abundância que tens sempre algo que te dá mais prazer. E há para todos! A beleza e a felicidade estão tão próximas, a cultura tão fácil e a vida social tão intensa... que te deixas sempre enganar.

Não há local em que os teus bons desejos encontrem tão rapidamente algo que os destrói. E por isso nunca chegam a firmar-se profundamente na tua alma.

Já percebes porque és inconsequente?

Se dás por ti a deslizar sem rumo nem interesse, se te espantas com as coisas sinistras que aparecem no feed, se corarias por saberem as futilidades com que perdes tempo, se preferes não ver o tempo médio de atividade no teu perfil, se não aguentas uma pausa sem procurar novidades, se te preocupas mais por ser seguido que por seguir, se é onde estás antes de adormecer, se te interrompe a oração...

Não voltes cá hoje. Não perdes rigorosamente nada!

Só para lembrar como te atraem os disparates!

Menos tempo online far-te-ia muito bem.

E, quando estiveres, define um tempo, um objectivo, escolhe fontes e conteúdos. Se continuas a deixar-te levar, acabarás terraplanista!

Querias passar mais tempo com Deus, dedicar-te a ler para enriquecer a tua vida interior, estudar os assuntos que deves explicar, rezar mais pelos teus amigos, pensar como podes servir melhor a Igreja.

Não é difícil. Mesmo com pouco tempo, conseguirias fazê-lo aos poucos.

Mas dás por ti e estás de novo na internet a consumir a atenção, o tempo e os neurónios com as coisas mais inúteis e desinteressantes!

Refaz os propósitos com mais energia. Sem momentos de silêncio e recolhimento, não há oração que aguente!

Bem-vindo às redes sociais, o maior serviço de espionagem do mundo. Aqui, podes espiar com sucesso as vidas de pessoas com quem nunca falaste. Ficas a conhecer o seu nome, os seus gostos, os sítios que frequentam, as pessoas com que se dão. Sabes tudo, e não conheces ninguém. Sabes tudo, e nunca trocaste uma palavra. Sabes tudo, e não criaste uma relação. Se calhar, achas que é mais fácil assim. Ficas protegido, resguardado. Não te pões em causa, não arriscas sofrer, não te expões. Mas, deixa que te diga, isso é uma ilusão. Ninguém faz amigos a escolhê-los numa montra. As relações trazem riscos. Ainda bem, é sinal de que são humanas. Aí sim, missão cumprida.

Para quê? Não me digas que é porque fica bem ter muitas pessoas atrás de ti! Então afinal só estás aqui para ser bem visto?! E nós a pensar que até aproveitavas algumas publicações...

É verdade que estamos numa rede "social"! Mas, se vês que és um narcisista a construir a tua imagem, repensa quanto tempo queres perder por cá.

A vida social precisa de amigos. A amizade precisa de serviço. O serviço não precisa de seguidores.

Se o Instagram é a medida do teu sucesso social, não estás a ser muito bem sucedido!

O do quarto, o da sala, o da casa de banho, o do elevador. O reflexo no vidro dos carros, das portas, das montras, das paragens de autocarro. A minha própria imagem na reunião online, a selfie nº 34 de 76, a fotografia de verão em pleno inverno. Saber como olham para mim. Garantir que não há motivos de riso e que os há de admiração. Contemplar-se. Adorar-se. Ser visto.

Ficas irritado quando te chamam vaidoso? Tens uns espelhinhos para partir...

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