Tema: Fidelidade

Jesus viveu por ti. Com a sua vida, o seu trabalho, a sua paixão e morte, tomou o teu lugar e ofereceu-Se ao Pai em tua vez.

Imita-O. Com a tua entrega diária também podes tomar o lugar de outros. Estuda com empenho oferecendo-o por aquele amigo que tem um exame. Diz a verdade pensando em quem sofre por mentiras. Reza o que tinhas decidido lembrando-te do teu irmão sem fé.

Aproveita as pequenas lutas para fazer da tua vida uma oferta, uma oblação. Vive para os outros e arranca de Deus, com a tua generosidade, a graça da conversão para muitos.

Foi o que fizeram contigo.

Deixa comigo. Eu sei, eu trato de tudo. Agora vai dar, já percebi como é que se faz. Não é comum mas acho que é o certo. Não é o que me aconselham mas eles não estão a ver bem.

Quando não ligas aos conselhos, quando queres vencer pelas tuas forças e ideias, quando queres ser igual aos outros... espetas-te.

Deus não desconfia de ti: conhece-te. Tu, que achas que te conheces, é que devias confiar em Deus.

Jesus, depois de dadas todas as instruções aos apóstolos, subiu aos céus, onde está à direita do Pai.

Mas os apóstolos voltaram alegres desta despedida. Perceberam que Cristo não estava só com eles, naquele lugar determinado. Estaria para sempre, em qualquer lugar, à espera da nossa mão estendida.

Não te parece, às vezes, que Jesus desapareceu? Ele pede-te fé. É o momento de O procurares com outro empenho. O mesmo que pões nessas seguranças fugazes, que agarras e se desvanecem.

Não para te assustar. Deus não quer seguidores assustadiços e escravizados, mas gente livre, com um coração largo e generoso. Não quer o teu medo, mas o teu amor.

Deus quer que todos se salvem. Desenhou a tua vida com uma vocação de santidade. Mas, como dizia Santo Agostinho, “Deus, que te criou sem ti, não te pode salvar sem ti”. Ele espera a cooperação da tua liberdade. Queres?*

*se não sabes do que estou a falar, consulta o Catecismo da Igreja, parágrafos 1033-37.

[novíssimos 6/8]

Tens a vida emaranhada. Projetos pendentes, mil atrasos. Uma agenda por fechar, perdas de tempo. Apegos não entregues, afetos não agarrados. Não estás inteiro em parte nenhuma.

Apetece largar tudo para começar de novo, com passos seguros e previsíveis.

Mas não é possível: tens pessoas ao teu cuidado, responsabilidades onde contam contigo, prazos, a palavra dada...

Nem seria conveniente. Oferece a Deus a cruz da incerteza e termina ou agarra o que é teu dever, ali onde está agora, como se estivesses a começar.

Às vezes não tens segurança, nem gosto, nem criatividade. Podes ter sempre a nobreza de ser fiel.

Queres perder o comboio? Hoje é assim: ou és vanguarda, ou vencem-te. Esquece o modo antigo de fazer. Essa mensagem já não chega a ninguém...

Calma! Sem estudo, oração, silêncio, ponderação... apanhas o comboio e não sabes para onde vais.

Não é verdade que está tudo em mudança: há coisas que não mudam, ainda que sejas o único no mundo a guardá-las.

Haja alguém que não entre em todas as ditas ondas de progresso sem as questionar. E nos lembre que não interessa chegar primeiro, se chegamos ao sítio errado!

Sempre foste uma máquina! Trabalhador, organizado, rápido, eficaz.

Mas agora descobriste que não és imune à preguiça, ao erro, ao desleixo ou à perda de tempo. É que tens de trabalhar no que não te apetece. Não te entusiasma o que fazes agora. Nem por vaidade!

Cresce. É muito bom trabalhar com entusiasmo. Como o é procurar esse entusiasmo no valor sobrenatural do trabalho. Mas nem sempre é fácil e, com mais ou menos vontade, tens mesmo é que trabalhar. Bem.

Há qualquer peso na consciência que te inquieta quando não tens uma conduta imaculada. E concentras a tua luta naquilo que é suposto conseguires fazer.

Com decisão e hábito farás muitas boas ações, mas só serás rico se amares a pobreza; só serás livre se amares a obediência; só serás dom quando amares a virtude da pureza.

Até lá, viverás por temporadas: uns dias certinhos de vida estóica e valente, e as quedas impressionantes de quem se livra de um colete de forças.

É bom amar as virtudes que se vivem, vivendo-as por isso e não por decreto. Mas é uma jornada: não desprezes, pelo caminho, o valor da fortaleza.

Viver a jornada fez-te pensar. E espero também que rezar e fazer propósitos de mudança.

Agora é preciso luta. Sem desânimo se esses propósitos demoram mais a conquistar. Terás vitórias e derrotas, como sempre. Mas irás crescendo se não te separas da amizade de Cristo.

Não te deixes desiludir pelas fraquezas. É por conhecê-las que pedes a Jesus que suba para o barco "permitindo que seja, mais uma vez, a novidade da Sua palavra a tomar na mão o leme" (Jerónimos, 2 agosto).

***

A JMJ de Lisboa foi marcante para ti? Como se vai notar essa marca?

Queres alcançar tudo com as tuas forças? Ou entregas os propósitos nas mãos de Deus, sabendo que só com Ele serás capaz de os cumprir?

Adiam o problema e livram-te da pressão da responsabilidade. Mas ficar pelo mais fácil estraga muitas coisas: preferes as bocas à profundidade, a algazarra à amizade, a aldrabice ao estudo, o sentimento à verdade... E passas horas agarrado a ecrãs onde tudo te é dado instantaneamente.

Não admira que tenhas poucos conselhos a dar aos outros: desiste, não ligues, todos fazem, depois vê-se...

É hora de crescer, deixar de ser mimado. Agarrar com responsabilidade o que te pertence e viver comprometido. Acabar o que começaste.

Procura, com tempo e serenidade, o que Deus te pede sem perguntar se é difícil. Não é bom?

***

Guardas tempo com frequência para pensar nas coisas? O que queres fazer, porque o fazes, que consequências tem?

Entusiasmas-te com o que é desafiante? Percebes que Deus pode fazer da tua vida uma aventura?

Vemos à nossa volta muita miséria humana: mentira, ódio, preguiça. Talvez maior entre os que mais amamos.

Será cristão virar as costas e afastar-se?

Um amigo tem que ser pai algumas vezes. Avisar, corrigir e guiar pelo bem do outro.

Se perante o erro "deixas andar", terás as mãos bem limpas. E o coração cheio de ti.

***

Alinhas em todos os planos ou és capaz de dizer que não concordas com alguns?

Consegues manter-te coerente num ambiente que não dá importância à moral?

Pode ser difícil. Exposto à crítica ou ao ridículo, defendendo o que poucos defendem, ocupando o tempo que querias para o teu trabalho, comprometendo-te com opções difíceis que te podem prender toda a vida...

E o contrário? Não ser um cristão praticante por... vergonha ou egoísmo!

O amor de Deus é bem mais seguro que tudo o resto. Ao seu lado, venham os incómodos de uma vida comprometida. Livremente. Por amor.

***

Pões as coisas de Deus à frente do ginásio, da carreira, das redes sociais, do dinheiro, dos prazeres, das manias?

Percebes que, se Deus é Deus, só faz sentido entregar-lhe tudo?

...para que é que vais exagerar? Porque hás de rezar mais? Confessar-te tantas vezes? Ir à Missa durante a semana? Se não é preciso! Porque fazes voluntariado? Já tens uma vida difícil. Porque dás tanta importância à religião? Pareces viciado nessas coisas.

– Viciado não, sim apaixonado. E, por isso, com medo de ficar apeado a meio do caminho.

Nem vida interior, nem amigos, nem família se mantêm, quando só dás o suficiente.

Rezo por ti, conta comigo, estou aqui.

Dizes para consolar, para que alguém se sinta melhor. E bem! Só isso já conta muito.

Mas não o deixes em palavras. Agora esperam a tua oração, amizade e presença. Reza mesmo, procura-o, consola.

É nos pequenos gestos que mostras e provas a tua fidelidade.

No trabalho não sabem que és católico. Em casa não sabem com quem andas. Nos copos não sabem que namoras. Na igreja não sabem o que pensas.

Por medo, ou inventas ou escondes. Adaptas-te. És quem mais te convém em cada sítio. E finges estar distante do que há pouco amavas, mudas de opinião, jogas... Tudo para ficar bem.

E então? Tens sucesso? Quando és quem?!

Estás sempre diante de Deus. Age sempre como Seu filho.

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