Tema: Páscoa

Sentes com força o peso da luta. As fraquezas desanimam-te, a tentação arrasta-te, a soberba entristece-te.

Não, não é questão de força. Deves deixar-te ajudar por Cristo, que alcançou, cravado na Cruz, o remédio para as tuas fraquezas. Unido a Ele, conseguirás libertar essas cadeias. Sem Ele, apenas te atarás a outras. Aliviado ao início, escravo na mesma.

Mas, com a delicadeza que prefere almas enamoradas, Jesus deixa-te escolher. Escolhe a liberdade.

É mesmo verdade, ressuscitou! Jesus tomou consigo a nossa vida e, vencendo a morte, deu-nos uma vida nova.

Viver é agora outra coisa. A vida não termina, a morte não a derrota. Ganham sentido as lutas, as dores, as dúvidas. Têm resposta os medos e fragilidades.

Cristo convida-te a nascer de novo, abandonar o que é velho e deixar que Ele viva em ti.

Não é um convite de há dois mil anos: Ele está vivo. Vive.

*

Uma Feliz Páscoa para todos!

A morte de Cristo deixou-nos perplexos e tristes. Ele tinha-a predito mas a nossa fé era ainda fraca.

Fomos ter com Maria, que nos consola e recorda as promessas de Jesus. Ainda não acreditamos mas a sua ternura alivia-nos.

Como naquele sábado, Maria é fonte de esperança para os discípulos de Cristo. Testemunho de fé em Deus e atenção aos seus filhos.

É ela o refúgio seguro para fugir da tristeza e o caminho de regresso quando, por tolice, voltaste a perder Jesus.

Preso por amor à cruz, Jesus experimentou todas as nossas dores. Sentiu enquanto homem a solidão do pecado que nos afasta de Deus. À nossa revolta perante a cruz responde abraçando-a, para a carregar connosco.

E nesse despojamento, sofrendo quanto podia sofrer, é ao Pai que se dirige.

Abandona-te em Deus. Sobretudo quando parece que Deus te abandona.

Na última ceia, antecipando a Sua entrega completa na cruz, Jesus deixa aos apóstolos a Eucaristia.

Não chegou deixar-nos a boa memória de uma nova mensagem, não chegou sequer deixar-nos o Seu espírito: fica Ele mesmo em corpo e sangue, alma e divindade. Sentimos, tocamos Deus no pão consagrado.

Deixando-me o Seu corpo, Jesus pede-me também o meu: a minha entrega há-de ser completa, total. O homem que Deus quer redimir não é um espírito, é alma e corpo, que abraçarão o glorioso corpo de Cristo na eternidade. Esse momento que antecipamos ao comungar em cada Missa.

*

Começa o tríduo pascal. Recolhe-te.

Foram os pecados dos homens que pregaram Jesus à cruz.

–Não os meus, que são poucos, mas desses outros pecadores. Eu preocupo-me por não prejudicar ninguém: isso é que é um verdadeiro pecado. E a isso é que a Igreja devia estar atenta, sem se meter na vida privada de cada um...

Desculpa insistir: os pecados que pregaram Jesus à cruz foram os meus e os teus. O orgulho, a murmuração interior, os julgamentos, a indiferença a Cristo, o desprezo da Igreja, o desrespeito pelo que é divino, a inveja...

A dor pelos pecados é o caminho que o amor procura para se converter e não perder a alegria. Contentar-se com ser, aparentemente, boa pessoa é o mesmo que não ter fé. E não perceber o que aconteceu na Páscoa.

Jesus entra hoje em Jerusalém sob o aplauso dos mesmo que O entregarão à morte em poucos dias. Somos assim tu e eu: caímos com estrondo depois de declarações de paixão a Cristo.

Começa a semana santa. Deixa-te mover pela Paixão do Senhor para que o teu coração compreenda a paixão com que O deve amar. A que aceita padecer.

Vive a Paixão de Cristo com Ele. Oferece-te para carregar a cruz e sofrer pelos homens. Não és apaixonado se viras as costas sempre que custa um bocadinho.

Vai começar a semana em que Jesus se entrega para nos salvar. Mas para nos salvar do quê?! Estamos em perigo? Sim.

O perigo de uma vida sem esperança porque sem sentido.

O perigo de achar inútil o que acaba com a morte.

O perigo de desesperar na culpa sem conhecer o perdão.

O perigo de viver na mentira por não poder ver a verdade.

O perigo de não amar por não se saber amado.

O perigo da tristeza eterna longe do Pai que nos criou para Si e para uma felicidade sem fim. O inferno.

Para nos salvar de tudo isto, Jesus morreu na cruz e venceu a morte. Unidos a Ele, tu e eu podemos chegar ao céu. Mas com a vida confortável que temos, pode parecer que não faz falta. Tic-tac, tic-tac, tic-tac...

Pergunto-me muitas vezes porque sofro. Às vezes irritado, outras resignado. E só me abeiro da aceitação quando o pergunto a Ti, Jesus.

Não é que me expliques. Mostras.

Com a Tua paixão e morte, suportaste o que eu passei, aceitaste-o, amaste-o. Na tua dor está a minha, que já não tenho que levar só.

Olhando para a cruz, às vezes fica mais claro. Fica sempre mais fácil. Sozinho é que é difícil.

*

Pela devoção à via sacra de Jesus viverás melhor esta quaresma. Aparece hoje na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, às 21:00, para acompanhar, com o Patriarca, os passos de Cristo na Sua paixão.

A saudade, o desamor, o destino. O peso de uma vida que guardamos em canções, belas e nostálgicas, lamento do que não se recupera nem chegaremos a ser.

Parece que preferimos padecer, suportar a vida, aguentar, ir andando. Como cristãos tristes que aumentam o fardo que carregam, encontrando consolo nessa fatalidade.

E a esperança?

A quaresma leva-nos à ressurreição. Cristo venceu e ficou connosco. O sorriso, o otimismo e o bom humor, não são virtudes de ingénuos, mas certezas de quem encontrou a Vida.

*

Já viste o cartaz do @faithsnightout dia 24? Uma oportunidade de ouvir testemunhos de esperança. E um bom modo de viver a quaresma.

Esta quaresma é que vai ser! Tens um plano de penitência exigente e jejuas de quase tudo! De caminho, ainda emagreces e bebes a água que devias!

Não centres a quaresma no que te custa, centra-a em Jesus. Só assim terá sentido a tua penitência e fundamento o teu desejo de conversão.

Então sim, farás o que tens a fazer, por aquilo que Lhe custaste: a Sua entrega, por amor, na cruz.

A ressurreição é um acontecimento espantoso, incompreensível, único... e verdadeiro.

Também os discípulos, diante do Senhor ressuscitado, estavam incrédulos e espantados. Como nós, no meio de um mundo que nos diz que nem tudo é possível ao criador.

Mas não temos só uma ideia de Deus. Temos a experiência, a amizade, a alegria. A nossa fé toca-se! Vem e vê.

Jesus está vivo.

Não O notas ao teu lado no caminho? Não O ouves em tantas palavras que te despertam? Não sentes arder o coração no consolo dos teus irmãos? Não O reconheces na Eucaristia?

Ressuscitou e veio ao teu encontro. Como em Emaús, rezo para que se abram os teus olhos e O convides a ficar, antes de se fazer tarde.

Jesus ressuscitou.

O Amor venceu a morte. E nesta vitória estão todas: sobre a minha dor, sobre o meu cansaço, sobre a minha fraqueza, sobre a minha tristeza. Sobre o pecado, a doença, a solidão e a injustiça.

Como cristão tenho esta certeza: no fim, vence Deus. E eu, neste débil esforço de me unir à Sua Cruz, vencerei também.

Não sentes uma confiança inabalável no poder de Cristo?

Vamos! É preciso avisar toda a gente!

Jesus morreu.

Os discípulos estão confusos e inquietos. Caiu por terra a sua maior esperança, mataram o seu grande amor.

E agora? Estavam enganados?

Também me sinto assim.

Juntei-me aos discípulos e fomos ter com Maria. Disse-nos que devíamos confiar, que tudo estava escrito, que sofria como nós mas não perdia a esperança.

E, sem o saber explicar, fiquei cheio de paz.

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