Tema: Formação

Complicas, pedes contas, levantas problemas em qualquer apostolado, ligas demasiado ao "diz que disse". Tens muitas teorias e uma grande cultura religiosa, mas falas sem sentido sobrenatural.

Precisas de rezar mais. Alimentar a tua relação pessoal com Cristo, a sós com Ele na oração e nos sacramentos. Muito tempo, muito mais!

Assim já poderás usar toda essa cultura: quando vires com os olhos de Jesus.

Numa cultura relativista, num mundo desinteressado pela verdade, quem pára para refletir vê-se envolvido em trevas. Em vez de respostas, dão-lhe distrações; sensação em vez de pensamento.

Tu és luz para os outros. Capaz de indicar o caminho que leva à claridade. Já viste, que missão?

Não te envaideças: não tens luz própria! Levas contigo a luz de Jesus, entregue para ti e para os outros.

Nunca te escondas, nunca te desculpes, nunca te deixes apagar. Pensa nos que podem encontrar a verdade pela luz de Deus que veem em ti.

Muito pouco. Em tempos soubeste, mas achaste suficiente e deixaste de ler, ouvir, estudar, perguntar. Já não tens rotinas de formação e o pouco que sabes não chega.

Mas não te apercebes: a pouca formação enfraqueceu o teu amor a Cristo e distanciou-te da Igreja. És frio. O teu cristianismo é uma obrigação, não te sentes parte, não o defendes, tens vergonha de o explicar. Não conheces, não amas.

Tens de voltar a querer aprender, a aprofundar, a descobrir mais de Deus. Ao lado de outros com quem possas crescer.

Cristão adulto não é o que se independentiza, é o que pertence.

É assim tão importante pôr o centro da nossa fé neste mistério que não compreendemos? O que muda por sabermos que num só Deus há três pessoas?

É que o próprio Deus, por amor, quis revelar-nos a Sua intimidade. Disse-nos que Ele mesmo é comunhão e nós, Sua imagem, estamos chamados a dar-nos do mesmo modo. Uma trindade de amor que não cabe na nossa cabeça mas habita no nosso coração.

E o mistério não é obscuridade, é luz a mais, para uma inteligência que não abarca Deus, por Ele ser... Deus!

Ele quis que soubesses que é Pai, Filho e Espírito Santo. Procura hoje, dentro de ti, as três pessoas.

Usamos pouco o Catecismo da Igreja católica. Às vezes para encontrar argumentos de autoridade, mas mais para os outros do que para nós mesmos.

Pena! É um texto de muita profundidade e beleza, que melhoraria, não só a nossa doutrina, mas também a nossa piedade. Ajuda a rezar e dá-nos recursos para aprofundar na nossa fé.

É que já não são muitos os católicos que rezam. Nem os que conhecem com profundidade aquilo em que dizem acreditar.

*

Experimenta ler alguns pontos do Catecismo ou usá-lo como livro de oração. Está disponível online.

Não ensines doutrina que eles não ouvem. O terço não, eles não aguentam. Ainda são muito novos para se confessar. Missa? Não, eles não gostam. São miúdos pá! Mete jogos. E vídeos! Videos é fixe.

Pode dar uma trabalheira, mas é obviamente possível –e muito desejável!– que as crianças aprendam com gosto o que é importante aprender. Cristo atrai.

Talvez estejamos nós pouco deslumbrados ou queiramos ser, nós mesmos, a atração. Mas a prioridade da catequese não é entreter os meninos: é ensinar a verdade.

Que privilégio. E que responsabilidade!

Foram os pecados dos homens que pregaram Jesus à cruz.

–Não os meus, que são poucos, mas desses outros pecadores. Eu preocupo-me por não prejudicar ninguém: isso é que é um verdadeiro pecado. E a isso é que a Igreja devia estar atenta, sem se meter na vida privada de cada um...

Desculpa insistir: os pecados que pregaram Jesus à cruz foram os meus e os teus. O orgulho, a murmuração interior, os julgamentos, a indiferença a Cristo, o desprezo da Igreja, o desrespeito pelo que é divino, a inveja...

A dor pelos pecados é o caminho que o amor procura para se converter e não perder a alegria. Contentar-se com ser, aparentemente, boa pessoa é o mesmo que não ter fé. E não perceber o que aconteceu na Páscoa.

Quando criticas a moral católica, só falas de temas fraturantes. Dizes que a Igreja proíbe três ou quatro coisas e ficas satisfeito com considerações sentimentais sobre a tua liberdade e os teus direitos. Nunca te deste ao trabalho de perceber as razões do que a Igreja propõe.

É pena. Passas ao lado de uma proposta que daria luz à tua vida, de ideais belos que enchem as tuas ações de sentido, de uma chave completa para o que fazes neste mundo.

Aprofunda. Preferes a boa vida? Isso! A vida moral é precisamente a vida boa!

Tens sede.

Às vezes do mais básico, dos apetites mais simples, do prazer mais vulgar. Outras do que achas que te preenche: sede de sucesso, de aprovação, de vida social.

Ou sede de coisas boas. De uma oração intensa, de uma devoção vibrante. De uma certeza. De um amor sentido, tocado. De paz.

E nada te pode saciar.

Não tentes. Toda essa sede é, na verdade, sede de Deus. Em nada, nem ninguém, encontrarás o bálsamo da saciedade. E esse deserto, onde te encontras outra vez, é onde Deus te quer agora para que não deixes de O procurar.

Não fujas dos temas difíceis da doutrina cristã. Não podemos simplesmente evitar o que levanta discussão, por medo a passar um mau bocado.

Estuda, pergunta, fala. Por fazermos de surdos, há muitas pessoas que julgam que a Igreja diz o que não diz.

O que é difícil de compreender, deve explicar-se melhor, sem fingir que não existe. Se não queremos defender a verdade nunca daremos a conhecer Cristo.

Não tens aqui morada permanente. Quando a vida te sabe a pouco, quando intuis dentro de ti desejos de algo mais, sedes que não consegues saciar, percebes que foste criado para grandes coisas, para uma eternidade em Deus.

O Céu não é uma seca. Não é um sítio parado, onde nada acontece. É o amor pleno, realizado, total – para sempre.*

*se não sabes do que estou a falar, consulta o Catecismo da Igreja, parágrafos 1023-29

[novíssimos 5/8]

Em todas as missas, de olhos postos no pão consagrado, dizemos juntos: “vinde, Senhor Jesus”. Palavras que se tornaram rotineiras, habituais. Passas por elas quase sem dar conta. E, no entanto, elas reflectem um dos mais profundos mistérios da nossa fé: que estamos à espera do fim do mundo e da segunda vinda do Senhor.*

*se não sabes do que estou a falar, consulta o Catecismo da Igreja, parágrafos 1038-50.

[novíssimos 4/8]

“No entardecer da vida, seremos julgados pelo amor”, ensina São João da Cruz.

A nossa vida, a nossa fé, o nosso amor a Deus e aos outros, tudo isso será julgado. Não temas o juízo dos homens. Vive como quem se prepara para o juízo de Deus.*

*

se não sabes do que estou a falar, consulta o Catecismo da Igreja, parágrafos 1021-22.

[novíssimos 3/8]

Definições, palavras desconhecidas, conceitos vagos sem explicação. A linguagem de dentro, compreensível a uns poucos. Discursos desfazados da vida, respostas ao que ninguém perguntou.

Ou a paixão cativante de quem fala de um amor, de uma amizade. Com palavras e exemplos familiares a quem os ouve. Explicando serenamente os conceitos em desuso. Aceitando o que perguntam.

Também se treina. Mas ouvem-se melhor, sobretudo, aqueles a quem Cristo roubou o coração.

Deixa-me citar São Paulo: «Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo? Fostes comprados por um alto preço! Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo» (1 Cor 6, 19-20). Palavras fortes, que te lembram de que o teu corpo faz parte de quem tu és, não é uma realidade exterior a ti. Se o reduzes a um instrumento para procurar prazer, se o descuidas na preguiça e no desprezo, se o pões a prestar culto a si próprio, na obsessão de ficar «em forma», não o usas para amar e glorificar a Deus.

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