Estás presente? Ouves o que te querem dizer? Acompanhas os assuntos que os preocupam e te confiam? És discreto com as coisas que te contam?

És capaz de os chamar a atenção quando vês algo que não está bem? A sós?

Tentas estar com eles? Tens iniciativa? Ou fomentas aquele desejo vaidoso de que sejam os outros a procurar-te?

Rezas por eles?

Mais do que vida social, precisas de amigos. E como dão trabalho!

As regras também!

É que, iluminadas por Jesus e pela relação com Ele, acabarás por ter pena de não as cumprir. Não chega ler as instruções se o autor as quer explicar. Não chega compreender se são para amar.

Por isso, persegue essa atração. Precisas tanto de doutrina como de oração. De cabeça, como de coração. Passa tempo com Jesus, falando, ouvindo, pedindo, louvando. Conhecendo-O.

E já agora, se Deus é Deus, bem que pode fazer regras. Sorte a nossa que as tenha feito tão leves de cumprir. Por amor, nada pesa.

Não é um dia igual aos outros. É o do descanso da criação, é o da Ressurreição.

É o primeiro dia da semana, o da novidade radical que trouxe Cristo. É o dia em que celebramos a Eucaristia e nos lembramos de fazer da nossa vida uma Missa.

É o dia em que todos paramos para estar uns com os outros, em família, na nossa comunidade, em comunhão de intenções. Desde sempre.

É um dia para dedicar ao descanso e à oração, à leitura da bíblia, à relação com Deus e à missão.

Não dá jeito hoje? Para falhar um mandamento, não é razão suficiente.

Jesus é Deus. Não é um sábio, não é um guerreiro, não é um herói, não é um deus. É Deus.

E tu nunca o dizes quando falas Dele.

Talvez te pareça menos chocante apresentar Cristo pelo que Ele disse, pegando em alguma coisa que todos aceitem facilmente. Mas dizer que um homem é Deus é um escândalo.

E, contudo, é por isso que O segues.

Se esqueces o que rezas no credo, a tua explicação da fé não passa de um discurso querido, fofo, inútil.

Às vezes parece que falas de Jesus só para que O tolerem. Ou a ti...

Sempre tiveste gosto nas coisas de Deus, facilidade em rezar, entusiasmo na luta. Foste crescendo e ficando mais perto de Jesus com uma alegria que antes desconhecias.

Mas agora custa-te. Notas mais a tua fraqueza, não consegues tantas vitórias. Parece-te que a oração não resulta, que não te deixa vibrante para a luta diária. Vais contra o que te apetece.

E bem. É altura de crescer. Ainda achavas que parte do mérito era teu, que tinhas jeito para isto da santidade, uma vida interior interessante e exemplar.

Deus pede-te que sofras um bocadinho para estar mais perto Dele. Senão, como saberias que O amas?

Ele não sabe mas eu não lhe digo nada, ainda se zanga. Podia ser muito mais feliz se se desse conta, mas sei lá se estaria interessado. Até tenho sugestões para os problemas que atravessa, mas prefiro que ele peça.

Sim, somos amigos. Partilho tudo com ele, mas há coisas que são muito pessoais, percebes? Eu acho que ele não iria compreender. E precisava de tempo, neste momento estou sem tempo. E sem cabeça também para grandes explicações. É que eu não tenho muito jeito para falar.

...

Mais um pobre homem a quem ninguém falou de Deus... até parece que para o bem dele!

Não sejas egoísta.

–De nada!, respondeste. E com propriedade porque, de facto, não tinhas rezado!

Está sempre a acontecer-te: aceitas com simpatia o pedido de orações e não te lembras sequer de fazer uma prece.

Mais do que simpatia, aceita o pedido com fé. E reza logo, nesse instante, mesmo que só com um olhar interior a Deus.

Depois escolhe momentos e modos de rezar diariamente pelas intenções que tens. No fim da Missa? Oferecendo o trabalho? Rezando o terço? Antes de dormir? Podes ter uma nota no telefone (bem atualizada!) com a lista daquilo que importa pedir.

Não desprezes os meios sobrenaturais. Com mais perseverança do que espontaneidade.

És cristão sem exageros. O teu Cristo não julga. Selecionas os ensinamentos da Igreja depois de consultar o mundo. Tens tempo para Deus, se te sobrar, se te apetecer. Tiraste valor a tudo para caber no teu pequeno kit de verdades de fé e de moral.

Essa tua religião salva? Porquê? És fonte de iluminação e força que vence o pecado?

Cristão entre aspas, que põe partes da moral entre parênteses e reza o credo com reticências... tanta pontuação para descobrir, no final, que a tua vida não disse nada.

Pensa bem. O que tem sentido é uma religião a que tu te ajustas, e não ao contrário. Se existir um Deus que salva, terá sempre de ser um Deus fora de ti, anterior a ti, recebido, não fabricado. Necessariamente incómodo, porque verdadeiro.

Que espera a tua humildade para te exaltar. Segue-O.

Esta pergunta anda sempre, baixinho, na tua cabeça. Quando estás com outros é o que vais medindo, quando chegas a um evento é o que te preocupa, quando acaba, o que avalias.

Sem ser demasiado clara, é a pergunta que te deixa triste ou contente. Não te larga. Mas também não a enfrentas.

Precisas de te sentir querido. O que não precisas é de duvidar tanto de que o és. Ou se deixaste de o ser. Ter o afeto dos outros não é senti-lo continuamente.

Mas, sobretudo, és querido por Deus, com um afeto mais seguro e fiel do que qualquer outro dos que andas a mendigar.

Tranquiliza-te. E pensa mais nos outros.

–Mal encarados! Tenho eu agora que aguentar o mau humor dos outros? Que culpa tenho que o dia lhes corra mal. Isto é modo de se falar?!

Olha, há gente com vidas difíceis, que luta muito, que sofre o que não imaginas. Há gente magoada, ferida injustamente e remetida ao silêncio. E há gente egoísta, birrenta, que quer ser o centro do mundo.

Pedindo a Jesus a Sua mansidão, sorri a todos eles. Talvez deixes do outro lado um pouco de luz, ou uma ponta de vergonha por aquela vaidade.

Ajudas, não te chateias, e aprendes que, quando for a tua vez, também podes fazer boa cara.

Os teus pontos de luta são elementares, pequenos, fáceis. São os mínimos, são simples. É só fazer.

E, contudo, não és capaz. Não percebes: vês com clareza o que deves mudar, mas não mudas. Tens o desejo de ser diferente, mas deixas andar quando chega o momento. Não dás importância, não mudas de atitude. Tens a vontade avariada.

Três conselhos. Abre a tua alma com sinceridade deitando cá para fora tudo o que te inquieta, ou te envergonha, ou te assusta. Pede mais ajuda a Jesus e conta com a Sua força, não com a tua. Não te compares se, comparando-te, tens pena de ti próprio: Deus acredita em ti e quer-te feliz e santo.

Se não resultar, vai ao médico.

Anda tudo obcecado com Deus! Isso mesmo: obcecado. Veem-nO em toda a parte - no hambúrguer que devoram com avidez, no Rolex que ambicionam comprar, na viagem que planeiam fazer, no cargo que sonham ocupar, na noite, no sexo, no álcool e nas drogas… Por isso dizem que, quando alcançarem essas coisas, serão felizes, plenamente felizes. Até podem não dizê-lo, mas sentem-no. E essa convicção profunda motiva a sua luta.

Tu, porém, queixas-te! Que o mundo é averso aos cristãos… Esqueces-te que o mundo é obra de Deus e o ser humano também. Há um erro de fabrico e a gente almeja a perfeição. Só que a procura no sítio errado…

São precisos, importantes. Quando se trata de amar os outros e quando se trata de amar a Deus. Não é piegas, é coerente!

Imagina uma mãe que nunca abraçou o filho, nunca lhe disse ao ouvido palavras ternurentas, nem deixou escapar pelo olhar um pormenor de afeto… Por muito amor que guarde, dirias que é perfeita a sua expressão?

Assim é contigo, que escondeste a sensibilidade na gaveta e agora pretendes amar sem corpo… Deixa-te disso! E lança um beijo à tua mãe do Céu.

Acabamos de estrear o último mês do ano litúrgico, em que a Igreja celebra de forma especial aqueles que souberam corresponder plenamente ao amor de Deus na Terra - os santos - e relembra todos os que já faleceram - os “fiéis defuntos”. É uma boa ocasião para recordar também à nossa alma que não está de passeio aqui pelo mundo… Que é chamada a algo grande, à plenitude, à alegria sem fim; impossível de saborear nesta vida terrena.

Não se iluda, porém, a pobre alma! Não cruze os braços e desespere, chamando para si o triunfo adiado! A alegria do Céu é para os que sabem ser felizes na Terra. Para aqueles que, esperando com ânsia o que Deus tem reservado aos que O amam, descobrem a sabedoria, a doçura da Cruz.

Todos me falam do importante que é ouvir a voz de Deus, escutar aquilo que Ele diz, conhecer a Sua vontade… E dizem-me que o descubro na oração. Mas quando vou rezar não ouço nada! Ou só me ouço a mim. Como é que Deus fala?

Como? Com tudo o que tem, com tudo o que há à disposição: acontecimentos, pessoas, frases, sorrisos, meteorologia, gostos e inclinações… Deus está sempre a falar! Mas nós só percebemos o que é que Ele quis dizer, aqui e ali, quando nos pomos na Sua presença. E nunca percebemos tudo, nem de uma só vez! Também não tem mal, não é isso que importa: ao Senhor bastam-Lhe a nossa boa vontade e o desejo livre de O procurar.

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