Tens dias. Às vezes, fazes uma birra para evitar o que te custa, atrasas, finges que esqueces, fazes-te vítima.

Outras vezes, para o mesmo sacrifício, o coração enche-se de boa vontade e lanças-te com gosto, mesmo que te custe.

Do primeiro, o fruto é a amargura. Do segundo, uma alegria serena que é o resultado da entrega.

Sabendo por experiência que preferes a alegria, não  escolhas a vida fácil.

Eu sei que não é por mal, mas tu não reparas nos outros. Não ligas, nem te lembras. E chocas constantemente.

Podes trabalhar isso! Perceber que a brincadeira já está a incomodar e parar. Perceber que alguém quer falar e calares-te. Perceber que estás a ser chato e largar. Perceber que se faz sempre o que queres e ceder. Perceber que o problema é teu e não sobrecarregar. Perceber que alguém está só e acompanhar. Perceber que te esperam e cumprir.

Dá importância aos outros. Ou acabarás sozinho na pista dos carrinhos de choque.

Não foste sempre exemplar e houve alturas em que te gabavas, orgulhosamente, das asneiras que fazias.

Já não é assim. Estás agradecido por ter conhecido Jesus e recebido a graça da conversão.

Mas não perdes oportunidade de voltar a referir que tiveste as tuas loucuras. Claro que é para acrescentar que preferes Cristo, mas não deixas de o dizer com uma certa vaidade, medindo o efeito das tuas palavras nos outros. Como se o pecado fosse alguma vez motivo de orgulho.

Às vezes, a tua história pode edificar. Se a contas para que te admirem, deixa-te estar caladinho.

Já sabes distinguir o bom cansaço do mau. O do bom combate, de que recuperas descansando, do cansaço que te leva ao desalento, à tristeza.

É que às vezes partes sozinho para a batalha, queres levar o mundo às costas, enches-te de orgulho e não te apoias em ninguém. Que te renda, que te proteja, que te ouça, que te obrigue a parar.

Outras vezes, é Jesus que não levas contigo. O objectivo é pessoal, a força é tua, a estratégia é humana.

Uma ovelha isolada é quase sempre uma ovelha perdida. Pede a Deus mais humildade, abre a tua alma, procura companhia.

Pensas bem nos assuntos. Mas pensas muito. Encontras sempre mais um ponto de vista, uma variável, uma ponta solta... Não decides.

É interessante ouvir-te. São temas a que já deste muitas voltas, mesmo os triviais. Mas não tens tempo para os explicar e ficamos sem perceber grande coisa.

E ainda és teimoso! Tens menos interesse em dialogar do que em convencer. Pensaste tanto que alguém tem de ouvir!

Não tem só a ver com a profundidade, que vale a pena conquistar. Também é insegurança, perfeccionismo, vaidade...

Estamos à espera que decidas. E que o expliques de um modo prático. E que se entenda. E que se faça.

Pensas na vocação a medo, começando sempre pelo negativo. Talvez não sejas capaz, talvez não seja o caminho, talvez te falte o que tens de entregar, talvez doa a saudade. Como quem se imola triste, como quem sofre a vocação, como quem carrega um destino traçado pelo céu.

Mas se é o maior dom que Deus te dá!

Chama-te a uma imensa alegria, a desfrutar da liberdade, a viver por amor sem precisares de mais nada.

Jesus dá sempre mais do que pede. Não perdes nada.

Há muitas expressões correntes que nascem de uma oração, sinal de uma cultura que teve Deus presente, que confiou na providência, que rezou espontaneamente, com simplicidade.

Talvez não estejam no teu modo de falar habitual. Mas, se estão, espero que não as evites por vergonha.

Ainda são, graças a Deus, um bom modo de elevares mais vezes o coração ao céu. Se Deus quiser, também provocarão em outros a curiosidade pela tua fé.

Não, valha-me Deus! Não é falar como há 50 anos! E que belo seria um "adeus" confiando ao Senhor aqueles que despedes. Ou um "Ai Jesus" que fosse um pedido sincero.

És de crítica fácil. Não percebes como é possível que os outros sejam como são, façam o que fazem, digam o que dizem. Assumes sem qualquer dúvida que, na pele deles, conseguirias fazer bem.

Ou simplesmente fazer, porque o que mais te indigna é quando ninguém faz nada.

E reclamas! Lamentas o estado da juventude, dos passeios, dos costumes, da politica, da entrada do prédio, dos padres, do tempo, dos preços...

Suponho que estejas disponível para passar à ação! Que podes dar o teu tempo, o teu conhecimento, o teu talento, num projecto teu ou juntando-te a outros. Não te queixes, contribui.

*

Talvez a @fundacaojornada te possa ajudar.

Portas-te bem. Deus concedeu-te uma certa facilidade para cumprires a Sua vontade, normalmente encontras gosto na virtude.

Mas, de repente, estás farto! Farto de ser bom e de receber pauladas em troca, farto de ser honesto e de que te passem à frente, farto de ser exemplo e de ser posto de lado, farto de fazer o bem e de tanta coisa continuar a correr mal.

Querias já a recompensa? Por que és bom afinal?

Por vezes, Deus trata com dureza os que ama. É porque confia em ti, porque te quer dar um céu grande e porque conta contigo para levares outros. Não se trata de ser certinho: trata-se de lutar. Por amor não cansa.

Há pessoas ao lado de quem se cresce. Conhecem e animam, elogiam sem mimar, sabem corrigir, pedem a nossa liberdade.

E não o fazem porque tiveram mais sucesso ou uma grande experiência, nem porque esperam receber o mesmo. São capazes de alegrar-se com o sucesso dos outros, com a alegria de todos.

Tu podes ser assim: aprende a elogiar, interessa-te por cada pessoa que se cruza contigo, fala menos de ti, sorri, confia...

Imita Deus.

Tranquilo, sem arriscar. Basta-te a segurança da tua casinha, ter o suficiente para os teus caprichos, ver umas séries, prevenir-te contra o tempo que vai fazer esta semana.

Ajudas pouco a família, os vizinhos, a empresa, a terra, a Igreja. Não queres complicar a vida. Estás bem profissionalmente, ganhas o teu, não queres mais. Evitas dar confianças a gente nova, eles trazem complicações. És vagamente cristão, a santidade é para quem se importa demasiado.

As novidades da tua vida são programas de entretenimento: sempre te ris um bocadinho. Desculpas-te com compromissos sem importância: tens que ir arranjar, tens que ir pagar, tens que ir levar... não tens, és simplesmente comodista.

E por não teres qualquer ambição, nem sonhas o que é a alegre aventura da entrega. Acorda. Ainda vais a tempo.

Têm de vir muitos, devíamos ser mais. Quem deu mais dinheiro? Quem está mais representado? Foi bom, estava cheio. Correu mal, vieram poucos. Aqueles estão às moscas, eu avisei. Batemos um novo record...

Os números no apostolado podem ser um bom instrumento de trabalho. Mas as pessoas interessam uma a uma. Vale, cada uma, a entrega de Cristo na cruz.

Vive com essa lógica. A dos números só serve aqui no Instagram. Que não serve para nada.

Acho que não vai funcionar!

Dizes sempre que defendes a sã doutrina pelo bem dos que estão no erro. Mas, nessa defesa, humilhas, insultas, distorces palavras e mudas o contexto. Por caridade, faltas à caridade.

Queres ganhar a discussão com as armas do mundo, esquecendo que são os desprezados por ele que ganham o coração de Jesus.

Defende Cristo, estendendo a mão. Não ganhes a discussão, ganha as pessoas: não te interessa derrotar ninguém.

Tens a mania de dizer que não tens jeito para aquilo que não gostas de fazer. Detestas arrumar, ir às compras, limpar, tratar de burocracias...

No fundo, achas que o teu tempo é demasiado valioso para o perderes a tornar a vida agradável aos outros. Eles, que gostam imenso do que tu não gostas, que te sirvam.

Por isso, quando tens mesmo de o fazer, fazes à pressa, atabalhoadamente, como se fizesses um favor.

Deixa de ser criança e faz bem as tarefas que são um serviço. Sem te gabares a seguir por ter descido do teu pedestal. Não fazes mais que a tua obrigação.

Rezaste muito para o conseguir. E conseguiste.

Cheio de entusiasmo, correste a dizer a toda a gente. Usaste expressões humildes para não receber descaradamente tantos elogios.

Durante dias, viveste embriagado pelo sucesso. Leste e releste várias vezes as palavras amáveis que te dirigiram.

Mas ainda não agradeceste a Deus. Foi só um recurso, deu jeito.

Que pena não ligares ao Seu pedido de amizade.

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