Tema: Fé

Sem certezas para o futuro, sem planos a funcionar, sem solução à vista para o que agora te pesa. Parece que Deus te pede tudo, toda a segurança, toda a confiança, todo o consolo. Porquê tu?

Sempre estiveste assim, desamparado. A diferença agora é que Deus deixou que o sentisses. Sem Ele não podes encontrar o equilíbrio, não há segurança. Não tens amparo.

Mas Deus chama por ti: desce depressa do teu refúgio, das tuas coisas. E sobe comigo à cruz.

É o teu ponto de apoio.

Muito mais do que dizem os outros, muito mais do que achas, muito mais do que o mundo diz que podes alcançar.

Vales mesmo quando não és capaz do que todos são, quando ficas para trás, quando são patentes os teus erros. Vales mesmo quando és o último, quando estás sujo, quando estás só.

Foste querido por Deus e por Ele amado até à entrega completa na cruz. Isto é imutável e bem mais certo que as avaliações de quem tens ao lado. Deus acredita em ti e admira toda a tua beleza: tenta recordá-lo mais vezes.

Caíste. Deus ajudou-te a levantar e a ver como precisavas Dele. Respondeste, humilde, dizendo que não farias mais nada sem a Sua ajuda, que te sabias pequeno e incapaz de caminhar sozinho.

E que bom foi esse tempo de infância espiritual!

Mas a luta foi correndo bem e foste esquecendo a simplicidade. Voltou aquela sensação de que até eras capaz. Confiaste, orgulhoso, nos teus talentos e foste largando a mão de Deus. Caíste outra vez!

Volta a fazer-te pequeno. Mas, desta vez, não cresças.

Especializaste o teu Anjo da Guarda. Ele é quem te encontra lugar para estacionar, quem te reserva uma bicicleta eléctrica, quem te protege nas ruas escuras, quem encontra o que perdeste...

Boa confiança!

Mas podes contar com ele para mais! Como confidente e guarda da tua alma, como intercessor diante de Deus da tua conversão e daqueles que amas. Como um bom amigo que te recorda que em primeiro estão as coisas do teu Pai.

Quando não Te vejo mais forte que as minhas fraquezas. Quando não Te creio capaz de me perdoar.

Quando me parece que não ligas a este mundo. Quando esqueço que tudo sabes e guias.

Quando penso que estou só. Quando temo não aguentar.

Quando tudo cai. Quando perco a esperança. Quando não Te vejo.

Pede-me o que quiseres. Mas aumenta a minha fé.

Deus concedeu-te grandes consolos. Sempre O serviste com entusiasmo, firmeza e paixão.

Por isso estás desconcertado. Andas sem vontade. Conheces e queres fazer o bem, mas não tens a mesma alegria.

Será que te desleixaste e o coração fugiu para longe?Será Deus a pedir-te um passo mais firme de fé?

É tempo de purificação. De colocar o coração na cruz, identificado com a entrega completa do Senhor no calvário, e ser fiel.

Ele não procurou consolos. Procurou-te a ti.

Porque Aquele que amas está sozinho, no sacrário, desejoso da tua companhia.

Porque é a atitude verdadeira da criatura diante do seu criador.

Porque é onde está a força que te falta e a paz que procuras.

Porque queres responder com amor ao Amor que por ti se deixou prender.

Passas lá hoje um bocadinho?

Onde há luz e O podes ver.

Não é o último recurso, não é um golpe de sorte, não é a fezada sem sentido de quem já tentou tudo o resto.

É quem fez tudo e tudo sabe. Quem te fez e te conhece sem engano. Quem tem a luz que dá sentido a todas as coisas. Está em ti, está nos outros, está atento e faz-se encontrar.

Não deixes de O procurar com a inteligência.

Jesus, queria estar contigo. Terminar este trabalho, desligar das tarefas e poder conversar. Queria preocupar-me menos, confiar mais e largar este monólogo interior. Queria desprender-me do juízo dos outros e saber o que Tu pensas. Queria fugir das distrações e dar-Te a minha atenção. Queria parar o relógio, saber que me olhas e deixar-me olhar.

Tenho pressa de estar contigo. Sem pressas.

De entre todas as opções, massacrados por sedutores, enganados por promessas e sob a pressão do que se diz, a nossa escolha é Cristo.

Queremos jogar bem mas conhecemos as nossas fragilidades. Com o Mestre sabemos que seremos vitoriosos.

Agora é preparar jogo a jogo e lutar como se fosse o último. As bocas dos treinadores de bancada só nos fazem mais fortes. A graça e a comunhão dos santos acompanham-nos em cada campo.

Há muito que conquistar, com ou sem nota artística. Vamos!

Não larga. Não deixa, por um momento, de ver-te, de ouvir-te, de olhar-te com ternura.

Mas às vezes exige, puxa por ti. E permite que não O sintas tão perto.

É que te vais esquecendo Dele, encostas-te, desleixas-te. E precisas de um abanão.

É Deus que te chama quando perdes o consolo, quando surge a aridez, quando te sentes só, quando a vida se complica. Ele não te largou: tu é que tinhas largado, por Ele, tudo isso. Lembras-te?

Por entre a multidão, escondido na jóia feita pelas nossas mãos toscas, passa Jesus, sob a aparência do pão.

Vulnerável, sem outra guarda que a do povo que O acompanha, passa Deus para que O toquemos.

Despojado, pobre, acessível, passa o Rei dos reis sob o olhar atónito de uma cidade que pergunta: que reino é este?

Explicas-lhes?

Saber quem sou, quem me quis, para onde devo ir e por que caminho. Há uma grande paz quando conhecemos estas respostas.

Depois, podemos tropeçar, desviar-nos, andar para trás, recomeçar...Mas saber o caminho e a meta faz toda a diferença. E saber que não mudam.

Esforças-te por encontrar paz onde só encontras distrações. Gastas-te à procura de uma tranquilidade, que sentes que deve existir, mas não sabes onde está.

Está em Deus.

E com aqueles de quem gostas. Mas não deixes que os preparativos e a expectativa de ser o centro das atenções te façam esquecer a razão da tua alegria. Não foi Deus que levou até aí? E vais rezar menos? Esquecê-Lo entre amigos? Trocá-Lo por uma glória tão breve?

Festeja! Mas convida Deus para a festa e fica sempre ao Seu lado. A alegria sem Ele sabe a pouco, por muito bem que toque a banda!

És o único católico no teu ambiente. Dois ou três dizem-se crentes mas vivem como se Deus não existisse. Isso ainda te isola mais porque, se estranham a fé, muito mais a que é consequente.

Não tens vergonha de dar testemunho: falas da tua vida, metes-te nas conversas, dás opinião. Mas agora desanimaste. Não dá nada! Só uma certa desconfiança e a etiqueta de excepção.

Di-lo a Jesus. Queixa-te! Depois de consolar-te, recordar-te-á que é um dom a fé que tens, que é um privilégio Deus contar contigo para levar aos outros uma imensa alegria, que a conversão de uma alma vale toda a caridade que ofereces.

E com o olhar em Jesus, voltarás à tua tarefa de apóstolo. Com a alegria de uma missão gigante e com o mesmo amor que O levou à cruz.

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