Tema: Missa

Antes de começar, a tempo de desligares tudo e estares inteiro para o que vai acontecer, antes do padre entrar e o coro começar a cantar.

–Mas eu chego tarde a tudo!

Não! Chegas a horas ao que achas importante. É claro que podes chegar à Missa mais cedo.

Os cálculos de saber até quando podes chegar para ver se contou, ou a ideia de que o início é menos importante, são conversa de indiferente!

Se tivesses um pouco da fome que tem Jesus de estar contigo...

Se não acredito que é o corpo de Cristo, se fiz um pecado mortal e não recebi a absolvição de um padre, se não fiz jejum uma hora antes de comungar, se só o faço porque me estão a ver, então, não comungo.

Não é um direito meu, nem é algo que faça só porque me apetece.

Preparar-me para acolher este doce privilégio parece-me mais próximo do amor à Eucaristia que sou chamado a ter.

Às vezes não porque estás distraído. Ou porque queres ser discreto. Mas deves responder de modo que se ouça, que se note que afirmas o que crês, para quem está à tua volta e com eles.

E como não estás sozinho, tenta responder ao ritmo dos outros, uníssono, reforçando o sentido de pertença a essa comunidade.

Também não é preciso gritar! Por berrares as orações ao teu ritmo não pareces mais piedoso: pareces surdo!

Nenhum outro mandato foi assim obedecido.

Desde há 20 séculos, dia após dia, não encontramos nada melhor para celebrar um aniversário e pedir pelos mortos; agradecer as colheitas e preparar um ano; coroar um novo rei e admitir na igreja uma nova vida; pedir saúde e festejar vitórias; oferecer a vida a Deus e suplicar fidelidade; suportar pandemias e amparar os males da guerra. Em maravilhosas catedrais de pedra e nas grutas pobres de qualquer lugar; entre os poderosos e com os mais humildes; na multidão de uma vigília jovem e só no quarto de um velho sacerdote.

Impressiona o milagre, único na história, da inumerável multidão de homens que tomou, toma e tomará o corpo e o sangue de Cristo na Santa Missa.

Que não tenham vergonha de servir a Deus, nem medo de O defender. Que aprendam cedo a adorar a Eucaristia e a venerar a liturgia. Que nos ensinem a estar na Missa e sejam um testemunho no seu ambiente.

E se lhe chamam padre?!

Ele que responda como entender. Com orgulho, ironia ou secura. Demos-lhe ferramentas antes de lhe tirar a alva.

E se ele quiser ser padre?!

Queridos pais, será preciso proteger de Deus os filhos?

Não sei. E tu também não sabes. Mas gostamos de nos atravessar com teorias e análises, que dificilmente nos deixam no tom positivo de quem conta com Deus.

Uns dizem que é da doutrina, outros da falta dela; uns que é a moral, outros a liturgia; aqueles a tradição, estes o modernismo.

Talvez estejam vazias por minha causa. Ou por tua. Em vez de teorias, faz a tua parte e enche a Igreja com a tua presença, e com uma vida santa e apostólica. Que, como Cristo, arraste.

Igual à minha, com os textos e orações que a Igreja, do seu rico tesouro, preparou para nosso alimento. Conhece bem esse rito, para poderes participar com proveito do milagre da Eucaristia.

Mas, além disso, tu próprio podes trabalhar o teu modo de assistir à Missa: de que pedes perdão a Jesus? O que pões sobre o Altar no ofertório? Por quem rezas na oração universal? Que vivos e defuntos recordas ao Senhor? Como te preparas para comungar? Como agradeces?

Pensa no que te ajuda a rezar com atenção e cuida com esmero dos pormenores. Como um apaixonado.

Às vezes ouvimos expressões que demonstram muito pouco conhecimento do que diz a Igreja, da moral católica e das verdades de fé elementares.

Sempre que podes, explica-o. Por muito pouco interessados que estejam em Deus, todos agradecem informação correta: além de aprender, evitam a vergonha de dizer disparates.

Outras vezes, nós próprios esquecemos a primeira catequese e falamos das coisas de Deus como quem não as conhece, ou não tem fé.

É que sem empenho pessoal na própria formação, corremos o risco de seguir outro Jesus qualquer. E –pior!– de enganar os outros.

Tens que aprender a ser cristão.

Por obrigação, dificilmente falarás de Deus. Por amor, dificilmente te calarão.

Mais do que com ideias e estratégias, darás a conhecer Cristo com a naturalidade do teu testemunho. Falarás sem te pedirem, com a alegria e o entusiasmo de um apaixonado.

E esse amor cresce pelo tempo que passas na companhia de Jesus. Ele ficou na Eucaristia para te mostrar como tem sede de estar contigo. Escolhe estar com Ele.

***

Dedicas um tempo diário à oração? Tentas fazê-la, sempre que podes, numa igreja, diante do sacrário?

Tens devoção eucarística? Preparas-te para comungar, fomentando o desejo de intimidade com Cristo?

Quem te vê numa igreja (à conversa, ao telefone, nas redes sociais, a falar alto...), não consegue perceber o que tem de especial aquele espaço.

Quem te vê assistir à Missa (a fazer comentários, distraído, a dormir...), não entende porque lá estás cada domingo.

Quem te vê a rezar... mas alguém te vê a rezar?!

Eu sei que estás à vontade com Jesus. Tão à vontade que te esqueces com Quem estás. E acabas por não O ver.

No sacrário está Cristo realmente presente. Diante Dele porta-te como com um bom amigo, um confidente, um irmão... que é Deus! É claro que faz diferença!

Hoje, dia do Corpo de Deus, adoramos a Eucaristia nas nossas ruas. No meio do ruído, confusão, trânsito, trabalho, gente... passa Jesus e ajoelham-se os homens. E com eles se ajoelha a cidade, o mundo, a criação, prestando a devida homenagem ao criador de todas as coisas.

Espantado? É que ali, discreto e vulnerável, num pedaço de pão, está Deus. Não um símbolo, não uma imagem, não um sinal. Deus.

Hoje pede a Jesus que aumente a tua fé na Sua presença real na Eucaristia. E que essa fé mude o modo como te aproximas e recebes o Senhor, para O levares depois aos que ainda estão incrédulos.

Hoje Jesus é preso.

Antes, o Rei lavou os pés aos discípulos, o Inocente quis conquistar o traidor, o Amor deixou-nos o mandamento novo, o Omnipotente prendeu-se num pedaço de pão.

Assim é Deus. Não é uma noite espantosa?!

*

Encontra hoje um momento para abrir o evangelho de João no capítulo 13. Tudo fez e disse por ti.

E tu, necessitado de cura, não tens melhor modo de tocar-Lhe que os sacramentos.

Confessa-te antes da Páscoa. Prepara bem o teu encontro com Jesus que quer ouvir-te e perdoar-te. E poderás recebê-Lo, na comunhão, de alma limpa e renovada.

A vida cristã na Igreja precisa dos sacramentos: são o nosso acesso a Cristo. Se há outro modo de chegar a Jesus? Assim sensível, eficaz e em comunhão com a Igreja... não!

Tocamos Cristo na liturgia, numa ação que não é pessoal mas de toda a Igreja. De Deus.

Por isso cuidamos com amor os objetos e gestos litúrgicos. A riqueza, a dignidade, a limpeza, a solenidade. Pomos carinho no que é Sagrado.

E agradecemos que nos expliquem o que é mais difícil de entender. Não que o omitam. Nem que inventem.

Porque queremos preparar-nos para participar bem, pedimos que seja lugar de união, em vez de criatividade. Procuramos Cristo, não entretenimento.

Pedimos mudanças? Apenas cuidado.

Quem é o teu primeiro confidente? A quem dás logo as boas notícias? A quem recorres assim que precisas de ajuda? Com quem partilhas o que te desanima?

Jesus no sacrário tem um enorme desejo de estar contigo. Para te consolar, para ouvir as novidades, para ver a tua alegria...

Vai ter com Ele, conta-Lhe. Se não puderes materialmente, com a cabeça e o coração. Deus espera-nos nos momentos de emoção, de entusiasmo, de desanimo. Sempre.

E nós contamos primeiro à internet!

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