Tema: Luta

Sem certezas para o futuro, sem planos a funcionar, sem solução à vista para o que agora te pesa. Parece que Deus te pede tudo, toda a segurança, toda a confiança, todo o consolo. Porquê tu?

Sempre estiveste assim, desamparado. A diferença agora é que Deus deixou que o sentisses. Sem Ele não podes encontrar o equilíbrio, não há segurança. Não tens amparo.

Mas Deus chama por ti: desce depressa do teu refúgio, das tuas coisas. E sobe comigo à cruz.

É o teu ponto de apoio.

Domina o relativismo, ganha a força. Perdemos certezas e terrenos de diálogo. O homem escondeu Deus e faz as Suas vezes: decide quem é, escolhe mandamentos, guia a humanidade.

Com um poder imenso de comunicação, disfarça-se a solidão, as famílias destruídas, o egoísmo, a confusão dos géneros, o vício da satisfação dos sentidos... a falta de esperança.

Há sítio para um cristão neste mundo?

Há! À frente, bem visível. A indicar o caminho de regresso a Deus, que todos –sim, todos!– anseiam redescobrir.

Não temas. Crê.

Deus concedeu-te grandes consolos. Sempre O serviste com entusiasmo, firmeza e paixão.

Por isso estás desconcertado. Andas sem vontade. Conheces e queres fazer o bem, mas não tens a mesma alegria.

Será que te desleixaste e o coração fugiu para longe?Será Deus a pedir-te um passo mais firme de fé?

É tempo de purificação. De colocar o coração na cruz, identificado com a entrega completa do Senhor no calvário, e ser fiel.

Ele não procurou consolos. Procurou-te a ti.

Como se fosse bom apenas por te apetecer. Ou como se fosse uma fatalidade e não pudesses controlar os teus desejos.

Dentro dos teus apetites há coisas boas e más, inclinações certas e erradas. Não és mais livre por fazeres tudo o que passa pela cabeça. Serias, se dominasses a tua vontade e conseguisses escolher fazer o bem, apeteça ou não.

És muito influenciável, a internet molda-te, repetes o que fica bem. Dás ares de rebelde a quem ninguém dá lições, mas és bem mansinho: copias tudo o que te põem à frente. Não defendes muito bem as tuas causas.

Domina-te, ganha disciplina! E chegará a apetecer-te o que está certo.

Impressiona-te a vida dos mártires. Invejas aquele amor firme que os leva até à morte e sabes que não existe outro modo de amar. Darias a vida por Cristo.

Darias?

É que no dia a dia só te preocupas em parecer moderado. Inventas razões morais para fazer o que todos fazem. Tens tanto medo que te chamem exagerado que ninguém percebe que te entregaste a Jesus.

No fundo, ainda achas que não compensa entregar o que dói: Deus não pede isso.

Mas não era tudo?

Até fazes o que te pedem, mas com essa cara deixarão de te pedir.

Até aguentas as contrariedades, mas com tantas queixas que, para os outros, és mais uma.

Até cumpres o teu dever, mas com um ar tão sofrido que nem tu acreditas ser capaz de perseverar.

Podes fazer com boa cara o que te custa. Com um sorriso que o torne leve aos outros e a ti. Com a cara de quem tem gosto em servir, com a serenidade de quem vive agradecido.

Quem ama tem outra disposição. E vê-se.

A tua vida cristã está pouco ágil. E tens reparado em pequenas coisas que fazes mal ou deixaste de fazer. Grãos de areia no sapato, que não te decides a sacudir porque esperas um bom momento.

Quando passar esta fase, quando mudares de sítio, quando resolveres outro assunto... então vai dar para recomeçar.

Entretanto, tens os pés empastelados, os passos pesados e uma enorme falta de vontade para lutar.

Grão a grão, deixaste acumular muita areia. E tens de a despejar agora. Não haverá um momento ideal, não será mais fácil, não terás mais tempo.

É nesses pequenos grãos que se joga a tua santidade.

Voltou uma luta que te demorou anos a vencer, uma inclinação que pensavas ter dominado. Andaste para trás?

Podes estar cansado e procuras instintivamente compensações para o corpo e o coração. Descansa.

Talvez tenhas sido imprudente. Chegaste muito perto do que sabias que te podia tentar. Recua.

Ou talvez tenha arrefecido o teu coração. E voltou a aparecer o que outrora vencias no calor da entrega. Volta a apaixonar-te.

Ainda és frágil. Deus permite que o percebas para poderes duvidar de ti mesmo, confiar Nele, lutar e vencer. Sem medo.

Também quando o trabalho é entusiasmante, também quando há uma oportunidade de ganhar muito dinheiro, também quando há pessoas pendentes de ti.

Também quando há muito que fazer em casa, também quando há tensão ou tédio em família, também quando a doença invade a tranquilidade.

Também quando o trabalho é a desculpa ideal para fugires do compromisso. Recomeça.

Parece haver no ambiente uma revolta contra o bom senso. Reinventou-se a família, descobriu-se o género, adora-se o ambiente, serve-se os animais... Como se a humanidade fosse inexperiente, como se um erro justificasse o desprezo de valores óbvios.

Não vale a pena lamentares-te. É o momento de voltar a estudar e compreender bem as coisas. Aprofundar nas razões do que fazes e daquilo em que acreditas. Resgatar a linguagem. Procurar a verdade e apresentá-la com caridade. Não chega o "sempre se fez" nem, muito menos, o "todos fazem".

Para ti, primeiro. E para quem te perguntar. Mais que uma luta, é um serviço.

Estavas de rastos e, mesmo assim, quiseste rezar. Jesus ficou contente com esse esforço que acabou num sono profundo.

Mas no dia seguinte, já descansado, adormeceste de novo na oração. E no seguinte, e no outro... Habitualmente, não rezas, dormes!

Além de ir ao médico para perceber porque adormeces em todo o lado, podes lutar contra o sono nos momentos de oração. Levanta-te, ajoelha-te, escolhe outro local ou outra hora para rezar.

Imagina que um amigo te procurava todos os dias para conversar e adormecia sempre antes que lhe pudesses dizer alguma coisa. Não estava interessado. Tu estás?

Fazes muitas considerações espirituais. Frases bonitas –e sinceras!– sobre a vida com Deus e com os teus irmãos. Queres para ti esses bons sentimentos, que pedes a Deus com o ar mais devoto e o suspiro mais profundo.

Mas, na prática...? Quais são, então, os teus propósitos? Onde estás a lutar? O que queres mudar?

Vais pedir desculpa àquela pessoa? Vais humilhar-te e ceder naquela discussão? Vais deixar de perder tempo no telefone? Vais rezar o terço? Vais arrumar o quarto? Vais confessar-te? Vais dedicar tempo aos pobres? Quanto tempo? Onde?

Suspira o que quiseres. Lembra-te apenas que a intensidade do sentimento não te torna mais autêntico. Concretiza: a tua fé tem de se fazer vida.

Se ninguém fala para explicar, cairemos nessa armadilha. Se não falamos para pedir ajuda, não sairemos dela.

A pornografia contamina o nosso olhar sobre os outros, desfaz a nossa alegria, engana a nossa autoestima, despreza a nossa relação com Deus, destrói a nossa vontade.

Tristes e insaciáveis, continuamos a permitir a exploração de alguém, o comércio dos corpos, a destruição das famílias.

A boa notícia? Podemos agir, pedir ajuda e ajudar. Recuperar a liberdade. Falando.

*

@da.oclique nasceu para isso. Segue. Mesmo sem precisar de ajuda, ajudas alguém.

Notas que te falta tempo para dedicar à oração. Estás com muito que fazer e são coisas absorventes. Tens descuidado a vida interior mas esperas um pouco de tranquilidade para poder rezar com calma e voltar a viver com presença de Deus.

Esperas há meses...

Não te falta tempo, falta-te vontade. E a disposição de abandonar essas pequenas coisas que não são boas e das quais Jesus te falará quando Lhe deres uns minutos. Como o sabes, preferes viver temporariamente indisponível.

Ele espera. Oxalá não acabes tu por esquecer-te.

Que panorama desolador. O problema não é grande mas ocupa todo o espaço. Agiganta-se e não vês o resto: nem o que é positivo, nem os outros problemas que devias enfrentar.

Afasta-te, ganha perspectiva. Se fores mais objetivo e deres um passo atrás, verás que há mais: o que vai correndo bem e em que já não reparas, os amigos presentes e disponíveis, a saúde e as boas condições em que vives, o que fazes com gosto e talento...

Pelo medo de o perder, chegamos a sofrer com o que nos devia alegrar. Mas um cristão não perde nada que não possa recuperar. Não estás só.

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