Tema: Luta

Disparas em todas as direções. Quando não concordas és terrível: desmontas ideias, destróis argumentos, mordes!

Mas ninguém sabe o que pensas. Não tens nenhuma proposta, não ofereces alternativa: destróis para nada erguer.

Parecia que a tua vida tinha um rumo. Afinal, só sabes por onde não ir. É assim que esperas que alguém te acompanhe?

Eu sei que tens boa intenção mas estás a levantar problemas que são muito pouco prováveis. Não desprezo as tuas preocupações mas não é razoável querer tudo tão agarrado.

É que nada avança! Só confias no teu modo de ver.

Ouve mais os outros, aceita as sensibilidades que diferem da tua e confia em quem não tem tantos medos.

E se uma coisa correr mal, dez correram bem. Com tanta complicação não se faria nenhuma.

Que bom encontrar alguém diante de quem podes estar sem medo. Que não te avalia, não te mede, não te cobiça. Que se deslumbra por quem és, não pelo que apeteces. Que te valoriza por inteiro, não aos pedaços. Que te faz saber importante, não descartável.

Mas é difícil numa cultura em que a pornografia vale mais que o pudor. Destruimos uma para recuperar o outro?

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Vê o @da.oclique para perceber os efeitos nefastos deste negócio. E, se precisares, para pedir ajuda.

Podias conhecer com outra profundidade a vida espiritual, estudar pausadamente aquele tema doutrinal difícil, aprender com a experiência dos santos que tiveram as mesmas lutas que tu, abrir a imaginação ao ler a vida de Jesus.

Mas não lês. Talvez te consigas desenrascar com uns vídeos e umas conversas. Mas vais muito mais lentamente.

Lê, esforça-te, força-o. Vence a preguiça e a frivolidade.

És chamado a muito mais. Se não lês, não sei se algum o dia o vais perceber.

Já és crescidinho. E dás-te conta que não chegas à maturidade de modo perfeito: tens defeitos. Inclinações más que puxam por ti com força para o que sabes estar errado. E, com vergonha, admites que, por vezes, desejas o mal.

É a vaidade? A intemperança? O egoísmo? A impureza? A avareza? Seja o que for, vai custar-te sempre.

Mas não te rendas: luta. É difícil matar o defeito mas, com a graça de Deus, podes dominá-lo. Esmagar o desejo do mal com o desejo do bem.

Conhece-te, evita o gatilho da tentação e dá um tom desportivo e alegre a essas conquistas. Aprende a viver contigo.

É estranho, para dentro e para fora, quando não sabemos trabalhar juntos na Igreja. Puxa cada um para seu lado. Queres liderar, dar o tom, deixar o teu estilo, prevenindo todos contra o modo de atuar dos outros.

Ainda por cima, quase tudo o que criticas é porque ouviste dizer. Não conheces, não perguntas, não ouves, não queres saber.

Eu sei que tens boa intenção. Mas precisas de mostrar outro empenho na unidade: lutar por ela. Falar, conhecer, perceber dos próprios o que outros criticam e procurar ocasiões para juntar esforços.

Sermos um. Para que o mundo conheça Quem nos envia.

A oração hoje está a custar-te. Não tens nada para dizer e os textos nada te dizem.

Olhas para o relógio, respondes a uma mensagem que é urgente (ou tão breve que não conta como interrupção!), deixas-te vencer pelo sono, pensas nas tarefas do dia, apressas as palavras, desenhas no caderno (mas um símbolo religioso!), suspiras, vês as notificações, desistes.

Não desistas.

Insiste, leva essa oração, com esforço, até ao fim. Não deixes que a relação com Deus dependa dos teus apetites ou do consolo que te traz. Fica. Como um bom amigo.

Até ficas envergonhado! Parece que a imaginação escolhe os momentos menos convenientes para ir buscar as coisas piores. Estás na Missa, a rezar, na companhia de alguém de quem gostas, a ouvir coisas importantes, em paz, em algo sério... e passam-te pela cabeça os pensamentos mais vis, ou mais baixos, ou mais feios.

Choca-te que, perante a beleza de Deus e dos outros, sejas capaz de olhar, com um mínimo de atração, para tudo o que é feio.

Não te preocupes. Tenta, com simplicidade, que a imaginação ceda ao teu domínio. E sem inquietação volta ao bom que tens diante.

E não ligues muito: tu não és o que te passa pela cabeça.

Depois de encontrar o Menino e com uma especial luz de Deus, os magos voltaram a casa por outro caminho.

Ver Deus assim no presépio, partilhando a tua própria fragilidade, estendendo a mão para te aproximares sem medo, não te move a mudar de vida?

As decisões de entrega que vais adiando, as justificações interiores que procuras para não ter que mudar, os maus hábitos a que estás agarrado... O menino pede-os.

Deixa tudo aos Seus pés. Deixa a vida, para nunca mais a reclamar. Não importa que estejas longe: põe-te no caminho certo.

São muito melhores, não envergonham tanto, até ficam bem. São mais comuns, toda a gente os tem, até dá para fazer piadas e viver com leveza.

Os teus defeitos não. São um peso, uma humilhação. Deixam-te triste, sem esperança.

Mas como isto é verdade para todos, é mentira. Não há defeitos bons. E há mil escondidos.

Dá luta aos teus: Deus pode vencê-los.

Toca o despertador e o mundo é outro. Não há pressa para as coisas boas do dia, o trabalho e os outros são irrelevantes, a aula seria desinteressante. Estás sem força, o mundo lá fora é muito frio, é rijo, há demasiada luz. Talvez dê para mais 10 minutos, talvez se esqueçam de ti, talvez estejas doente. Talvez não tenhas ouvido o toque. Alguém há de te chamar.

Apareces tarde, envergonhado e evitando olhares que parecem dizer: criança, preguiçoso, irresponsável. Uma vez dava para rir, um hábito...

Levanta-te com o despertador e oferece a Deus o teu dia. Claro que podes! Não uma vez, habitualmente.

É tão diferente começar o dia com uma vitória...

Não há coisas más, só exageros. Faz o que quiseres desde que não abuses, esse é o verdadeiro bem: ninguém se irrita com proibições, todos são equilibrados porque moderam a voracidade. Só não te podes passar.

Para aconselhar é o ideal: nunca sugeres cortar, só reduzir. Para ouvir, melhor ainda: não tens nada que mudar. Para todos, é a vitória do parecer sobre o ser.

É fácil disfarçar a fraqueza com a caridade, trocar a verdade pela convivência pacífica. Quase pedes a Deus que te ame com moderação.

Mas a santidade é exigente. Como foi a Cruz.

Amas a Deus. Queres fazer a sua vontade e estender o seu reino. Mas estás travado, preso, e tudo isso fica para depois, fica sempre a meio. Se não fosse esta doença, esta limitação, esta circunstância...

A santidade que Deus te pede não é essa santidade adiada, essa "mística do oxalá".

É possível amar a Deus – plenamente! – estando entrevado, desempregado, moribundo, durante uma insónia ou sendo torturado.

Ama-O, por entre as dificuldades reais, sem imaginar outras coisas que não são, mas achas que deviam ser. Ama agora, em vez de imaginar que amarás um dia.

Decidiste não fazer o mal. Não vais fugir com a secretária: és gente séria! Nem perder a cabeça - a reputação e o dinheiro - com a bebida, o jogo, ou outros vícios: és equilibrado!

Mas, à noite, quando ninguém vê, devoras um maço de cigarros, ou uma série, ou três pacotes de batatas fritas, ou mil perfis de uma rede social…

Ou és mais reservado ainda, tudo se passa na tua cabeça: os elogios, as críticas, o que gostavas de experimentar mas não te atreves… Manténs-te à distância, cortejando a tentação.

A bem dizer, já cedeste a ela! Com Deus, ou te entregas todo, ou não vale a pena entregares-te. Porque a meias não é entrega, é “pudor”. Decidiste não fazer o mal; faltou escolher fazer o bem.

–Mal encarados! Tenho eu agora que aguentar o mau humor dos outros? Que culpa tenho que o dia lhes corra mal. Isto é modo de se falar?!

Olha, há gente com vidas difíceis, que luta muito, que sofre o que não imaginas. Há gente magoada, ferida injustamente e remetida ao silêncio. E há gente egoísta, birrenta, que quer ser o centro do mundo.

Pedindo a Jesus a Sua mansidão, sorri a todos eles. Talvez deixes do outro lado um pouco de luz, ou uma ponta de vergonha por aquela vaidade.

Ajudas, não te chateias, e aprendes que, quando for a tua vez, também podes fazer boa cara.

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