Tema: Apostolado

Respondemos quando nos perguntam e agimos com naturalidade ao viver a nossa fé.

Mas faz falta propor Deus, apresentá-lO, convidar, quebrar ideias feitas. Por um receio exagerado de que nos achem extremistas, deixámos de falar de Deus.

Ficamos à espera quando os outros esperam Cristo sem O conhecer; quando Cristo os espera contando com a nossa iniciativa.

Sim, a Igreja tem de chegar a mais pessoas. Não pela Igreja: pelas pessoas!

Podem chamar-te louco, inconveniente, inoportuno... uma pequena parte do que chamaram a Jesus. Fala.

Sim, as pessoas são livres. Podem rejeitar ou permanecer indiferentes a Deus por muito que te esforces. Esforça-te!

Mas não te atormentes com uma culpa que não podes medir. Os teus amigos, os teus filhos, os teus pais, só podem amar livremente, ainda que seja perfeito o teu testemunho. Testemunha!

Sabendo isso, lembra-te que Deus se quer servir de ti para chegar a muita gente. Podes mostrar Deus àqueles a quem falas. Fala!

Complicas, pedes contas, levantas problemas em qualquer apostolado, ligas demasiado ao "diz que disse". Tens muitas teorias e uma grande cultura religiosa, mas falas sem sentido sobrenatural.

Precisas de rezar mais. Alimentar a tua relação pessoal com Cristo, a sós com Ele na oração e nos sacramentos. Muito tempo, muito mais!

Assim já poderás usar toda essa cultura: quando vires com os olhos de Jesus.

Deus, por ser Deus, é maximamente atrativo. Nós, imperfeitos, parecemos não o conseguir captar total e imediatamente. As coisas do mundo cegam-nos. Escondem, com o chamativo, o que é belo.

Deus deixa que assim seja: prefere a nossa procura, exige a nossa liberdade. Mas pede aos que O amam que sejam o Seu rosto atraente, o Seu olhar irresistível.

Cristo atrai. É o que se nota quando se olha para ti?

Numa cultura relativista, num mundo desinteressado pela verdade, quem pára para refletir vê-se envolvido em trevas. Em vez de respostas, dão-lhe distrações; sensação em vez de pensamento.

Tu és luz para os outros. Capaz de indicar o caminho que leva à claridade. Já viste, que missão?

Não te envaideças: não tens luz própria! Levas contigo a luz de Jesus, entregue para ti e para os outros.

Nunca te escondas, nunca te desculpes, nunca te deixes apagar. Pensa nos que podem encontrar a verdade pela luz de Deus que veem em ti.

O tempo que se perde a comparar caminhos diferentes dentro da Igreja, para dizer qual é o melhor e o mais certo! E, pelo meio, a crítica aos piores, que não devem ter percebido a mensagem de Deus. Ou ter-se-á o próprio Deus enganado quando os inspirou?!

Os diferentes carismas queridos por Deus e aprovados pela Igreja, ajudam pessoas diferentes a aproximar-se de Cristo por caminhos diferentes. Há um para ti, que escolhes por ser o teu, não por ser o melhor.

Sê pequeno e fala de Jesus. Com a multidão dos que não O conhecem, não tens tempo para mexericos.

Porque tem razões profundas para a alegria, porque liga mais aos amigos do que às figuras, porque não dá tudo ao que vale pouco.

E para desfrutar não precisa de beber demais, nem das drogas mais leves, nem de adrenalina. A paz que tem é real.

Também não gasta o que não tem, nem o que não é seu, coisas ou pessoas.

E assim livre e desprendido, consegue ser o rei da festa: é que a verdade atrai.

Bons arraiais!

Por entre a multidão, escondido na jóia feita pelas nossas mãos toscas, passa Jesus, sob a aparência do pão.

Vulnerável, sem outra guarda que a do povo que O acompanha, passa Deus para que O toquemos.

Despojado, pobre, acessível, passa o Rei dos reis sob o olhar atónito de uma cidade que pergunta: que reino é este?

Explicas-lhes?

És o único católico no teu ambiente. Dois ou três dizem-se crentes mas vivem como se Deus não existisse. Isso ainda te isola mais porque, se estranham a fé, muito mais a que é consequente.

Não tens vergonha de dar testemunho: falas da tua vida, metes-te nas conversas, dás opinião. Mas agora desanimaste. Não dá nada! Só uma certa desconfiança e a etiqueta de excepção.

Di-lo a Jesus. Queixa-te! Depois de consolar-te, recordar-te-á que é um dom a fé que tens, que é um privilégio Deus contar contigo para levar aos outros uma imensa alegria, que a conversão de uma alma vale toda a caridade que ofereces.

E com o olhar em Jesus, voltarás à tua tarefa de apóstolo. Com a alegria de uma missão gigante e com o mesmo amor que O levou à cruz.

És um cristão tranquilo. Não tens pressa em conhecer a tua vocação, não tens encargos na paróquia, não tens filhos para educar na fé, ninguém te pediu um testemunho de vida. Quando tiveres mais obrigações, serás mais generoso.

Mas, não és batizado?

É que o Batismo já te dá essa responsabilidade: para ser santo não precisas de outra chamada. Não vejas como um peso o que é uma oportunidade e decide-te, desde agora, a ser cristão a sério.

*

No sábado haverá uma Vigília de Pentecostes em Lisboa, para renovar as promessas batismais junto do nosso Patriarca. Promessas! Vê o programa na página da @juventude.lisboa e vem.

Mas não és catequista, não animas um grupo de jovens, não trabalhas na paróquia, não és professor de moral... ninguém te pediu! Por isso, não falas. Como se fosse necessária uma nomeação para evangelizar.

Não é preciso um cargo para ser apóstolo. Não é uma tarefa reservada a uns poucos, mas um desejo natural de qualquer cristão.

Jesus conta contigo para que todos O conheçam. Na tua turma, no teu trabalho, na tua família, entre os teus amigos, quem é que O pode apresentar?

Afinal pediram-te. Falas?

Não ensines doutrina que eles não ouvem. O terço não, eles não aguentam. Ainda são muito novos para se confessar. Missa? Não, eles não gostam. São miúdos pá! Mete jogos. E vídeos! Videos é fixe.

Pode dar uma trabalheira, mas é obviamente possível –e muito desejável!– que as crianças aprendam com gosto o que é importante aprender. Cristo atrai.

Talvez estejamos nós pouco deslumbrados ou queiramos ser, nós mesmos, a atração. Mas a prioridade da catequese não é entreter os meninos: é ensinar a verdade.

Que privilégio. E que responsabilidade!

As mulheres correram para dar a notícia da ressurreição, os apóstolos correram para o sepulcro vazio, os discípulos de Emaús correram para contar o encontro com o ressuscitado.

É a alegria das boas notícias, do que queremos partilhar, do que precisa de ser anunciado a toda a gente.

Por isso, dois mil anos depois, ainda temos a mesma pressa: para abraçar Jesus como Maria Madalena, para O anunciar como os apóstolos.

Corre. São tantos os que não sabem de nada...

Nem todos se alinham com os trends das redes sociais, nem todos defendem o que defendem os media, nem todos se deixam levar pela moda. E nem todos têm a audácia de o afirmar.

Talvez, como cristão, sejas um deles, desanimado por pertencer a uma minoria e sem coragem para discussões que começas a perder. É que ainda somos uns quantos, mas não se nota.

Não esperes ser maioria para começar a falar. Nunca o serás, fala! E é provável que te surpreendas com o número escondido dos que pensam como tu: estão só à espera que alguém os pique!

O que é feito daquele entusiasmo? Do esforço que fazias ao rezar? Da alegria por falar de Jesus? Recebeste um dom de Deus que não podes esquecer, nem desperdiçar.

Por isso, agora que acabaste outra missão, compromete-te com Cristo, disposto a ser o cristão que deves ser, com ou sem entusiasmo: podes amar sem o sentir.

Durante o ano (todo!), e tal como em missão, precisas de sacramentos, de hábitos de oração, de um grupo e de um guia.

Junta-te a outros e mudem o mundo: há muito que fazer. Ou não sabias que a missão era esta?!

Falamos daqui a um ano.

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